A líder do PAN apelou hoje ao voto no partido que lidera para `romper` com as políticas de PS e PSD, acusando o PS e PSD de promoverem “austeridade e cativações” e estar ao serviço de “interesses instalados”.
“Já poderíamos ter, ao longo destas décadas de governação em que estes partidos têm estado no eixo do poder, feito avançar o país. Ao invés disso, tivemos austeridade e cativações”, afirmou a também deputada do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN).
Inês Sousa Real, que falava aos jornalistas no final de uma arruada no centro de Aveiro, defendeu que, durante os governos de PS e do PSD, o país não soube aproveitar as verbas que recebeu de Bruxelas.
“Perdemos a oportunidade de aproveitar os fundos comunitários para aquilo que deveria ser”, que era “chegar às pessoas e não sempre aos mesmos interesses socioeconómicos”, sublinhou a porta-voz do PAN.
Endurecendo o discurso contra os dois principais partidos, Inês Sousa Real afirmou que “Portugal não pode continuar refém daquilo que têm sido os interesses instalados” e de o país estar “a perder sempre para a banca e para as entidades que poluem”.
“Estamos a retirar dinheiro às famílias e às mães que têm filhos e que vivem em situação de fragilidade socioeconómica para continuarmos a dar a quem polui e às PPP [Parcerias Público Privadas] rodoviárias”, advertiu.
Para a líder do PAN, o país “tem que mudar e canalizar os fundos dos dinheiros públicos para onde eles fazem falta”, nomeadamente para o Serviço Nacional de Saúde, para as escolas, para o combate à crise ambiental e proteção animal.
“Não basta apenas em momentos da campanha eleitoral virem agitar algumas bandeirolas”, vincou, considerando que os restantes partidos não se têm aproximado do que o PAN considera serem as “reais preocupações” do país.
Sousa Real deu como exemplos a dificuldade de renegociar os escalões do IRS, a empregabilidade dos jovens, questões relacionadas com a inclusão e a igualdade de género ou o setor da cultura.
Questionada pelos jornalistas sobre a postura do PAN após as eleições do dia 30, a também deputada insistiu que o partido vai “avaliar as condições” que existem para “fazer avançar” as suas causas.
“Faz falta uma voz como a do PAN, que tem sido crítica da corrupção e pelo reforço da transparência e de habitação para quem mais precisa”, frisou, acrescentando que os outros partidos “não se preocupam com o combate à crise climática e a proteção animal”.
Antes da arruada, Inês Sousa Real passou pelo Mercado Manuel Firmino, em Aveiro, que estava praticamente vazio, onde falou, sobretudo, com comerciantes e até entrou, pela primeira vez na campanha, num talho para entregar propaganda política.
O dia de campanha do PAN arrancou com uma visita a um “oásis de vegetação nativa” que se encontra no meio de “um oceano de eucaliptos”, no concelho de Estarreja, fruto de um projeto da associação BioLiving.
Com o acordo dos proprietários dos terrenos, esta associação está, a pouco e pouco, a mudar a paisagem, ao trocar os eucaliptos e outras espécies invasoras por árvores autóctones, incluindo algumas em vias de extinção.