O presidente do CDS-PP disse esperar contar com críticos internos e antigos presidentes do partido na campanha, numa espécie de “toque a rebate” e “prova de vida”, apelando ao voto no CDS pelas “mesmas razões de sempre”.
Em entrevista à Lusa com vista às legislativas de 30 de janeiro, Francisco Rodrigues dos Santos escusou-se a quantificar metas, embora diga “ambicionar mais deputados” do que os atuais cinco, e diz que não se arrepende de ter seguido a decisão dos órgãos nacionais do CDS-PP e não ter convocado um Congresso eletivo.
Para a campanha eleitoral, o líder do CDS-PP disse que não fez convites a ninguém, mas admitiu fazer ainda alguns “apelos em privado” a antigos presidentes do partido para que participem no apelo ao voto.
“Todos os militantes do partido, atuais dirigentes, antigos dirigentes, ex-deputados, ex-governantes, estão todos convocados para uma prova de vida que o CDS vai ter nas próximas eleições legislativas”, afirmou.
No entanto, Rodrigues dos Santos recusou que estas legislativas possam ditar o fim do CDS-PP.
“Todas as eleições são uma prova de vida para os partidos políticos na medida em que estamos na mão dos eleitores (…) Estou certo de que, nestas ocasiões, devemos colocar o amor ao nosso partido e o serviço a Portugal acima de quaisquer divergências que possam subsistir no foro interno dos partidos, que são absolutamente naturais”, afirmou.
Quanto à importância de ter antigos líderes ao seu lado, Rodrigues dos Santos fez questão de destacar José Ribeiro e Castro, que aceitou ser o número dois na lista por Lisboa.
“Numa altura em que o CDS faz de facto uma prova de vida, eu tenho muito orgulho em contar ao meu lado com o José Ribeiro e Castro. Para mim, é o fiel intérprete dos valores da democracia cristã e é o melhor representante do espírito fundacional do nosso partido”, considerou, destacando o seu papel como fundador da Juventude Centrista, e “ao lado de Freitas do Amaral e de Adelino Amaro da Costa”.
Manuel Monteiro, apesar de não ter aceitado integrar a lista do partido à Assembleia da República, estará em breve na apresentação do cabeça de lista pelo partido em Braga, e o líder do CDS-PP espera contar com outros antigos presidentes para mostrar que “a grande família do CDS-PP está unida e coesa”.
“Convém mostrar que nós não somos uma moda, não somos um partido que nasceu agora. Somos um partido com 50 anos, que esteve sempre ao lado dos portugueses em todas as horas e nunca defraudou os valores da direita democrática”, afirmou.
Rodrigues dos Santos salienta que nunca teve “uma visão seletiva da história” do CDS-PP e considera que esta pode ser a altura de “chamar todos e tocar a rebate para apresentarem o partido como sendo confiável, o partido em que vale a pena votar pelas mesmas razões sempre”.
“Eu já fiz esses apelos públicos e vou fazer também apelos particulares para que se associem ao partido nesta campanha eleitoral”, afirmou.
Questionado pela Lusa quantos deputados espera ter na sua bancada a partir de fevereiro, o líder do CDS-PP diz não conseguir nem quantificar essa meta “porque seria também um desrespeito pelos eleitores”.
“Eu gostava de ver mais deputados da bancada do CDS do que tivemos na última legislatura (…) Nenhum presidente de um partido pode ter a ambição de ter menos deputados, é um cenário que eu não coloco”, afirmou.
Questionado se não se arrepende de não ter convocado um Congresso eletivo, ao contrário do PSD que aparentemente saiu beneficiado com esse processo de clarificação, o líder do CDS recordou que Rui Rio também não queria nem Congresso nem diretas antes das legislativas.
“Foi contrariado pelo Conselho Nacional e viu-se obrigado a ter que realizar essas eleições internas (…) No CDS, o Conselho Nacional deliberou não antecipar o Congresso, esta foi a decisão dos órgãos do meu partido e eu não me posso arrepender de decisões colegiais que são tomadas pelos órgãos do CDS porque eu sou um democrata”, afirmou, lamentando o “clima de instabilidade” que rodeou esse período.