O presidente da Iniciativa Liberal acusou hoje o Chega de querer desviar atenções dos casos que envolvem dirigentes do partido ao apresentar uma proposta para a constituição de uma subcomissão de ética que afaste deputados suspeitos de crimes.
“Eu percebo a necessidade de tentar apontar para lados diferentes e de apresentar algumas medidas para tentar desviar a atenção daquilo que tem acontecido relativamente ao partido Chega nas últimas semanas”, afirmou Rui Rocha.
Em declarações aos jornalistas após uma visita à esquadra da PSP de Alfragide, no concelho da Amadora (distrito de Lisboa), Rui Rocha foi questionado sobre a proposta anunciada na segunda-feira pelo líder do Chega de constituição de uma “subcomissão de integridade e ética” na Assembleia da República, que possa afastar deputados quando forem suspeitos de algum crime, ainda antes de serem condenados pela Justiça.
O presidente da IL disse que o partido está aberto “a todas as soluções” e irá discutir esta proposta, mas aponta falhas, nomeadamente “um perigo do ponto de vista da instrumentalização” caso a subcomissão seja composta por deputados a avaliar outros deputados.
“Creio que pode haver aqui, de facto, um problema que precisa de algum tipo de solução. Essa, em concreto, não me parece que resolva e parece-me que é mais a tentativa de desviar a atenção, dizendo alguma coisa para desviar a atenção do que tem acontecido nas últimas semanas”, afirmou.
O líder da IL afirmou que o recrutamento feito pelos partidos deve ser “cuidadoso nos perfis” escolhidos e com “tanto critério quanto possível”, e considerou que o “Chega tem falhado nisso”.
“Não é algo que não possa acontecer em todos os partidos, mas tem aparentemente mais gravidade para aquilo que temos visto nas últimas semanas no partido Chega”, considerou.
Rui Rocha disse também que “quando se constatam situações de desvio àquilo que é desejável” deve haver “uma atuação muito rápida”.
Questionado também sobre Portugal ter o pior resultado de sempre no Índice de Perceção da Corrupção, Rui Rocha assinalou que “é um problema sério para o país”, uma vez que a “imagem internacional é muito importante”.
“Nós, na Iniciativa Liberal, temos uma ideia de que o crescimento económico deve ser um objetivo fundamental do país e, obviamente, quando há uma queda em indicadores como este, isso significa que haverá, eventualmente, menos investidores interessados em trazer os seus investimentos para Portugal. Portanto, isso afeta a imagem do país e eu creio que é uma missão de todos combatermos essa perceção que está gerada na sociedade portuguesa, e é uma missão também dos partidos”, defendeu.
Apontando que a IL “tem tido várias iniciativas, mesmo ao nível do financiamento dos partidos”, o presidente afirmou que os responsáveis políticos devem dar o exemplo, e deixou esse desafio.