A secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, denunciou que a “repressão” sobre os Bombeiros Sapadores de Viana do Castelo por parte do seu comandante, António Cruz, aumentou após as denúncias de assédio laboral.
“Quando os trabalhadores começaram a exigir o cumprimentos dos seus direitos aumentou a repressão e a pressão com ameaças de processos disciplinares e formas de tratamento que não são corretas por parte do comandante”, declarou a dirigente da intersindical na manifestação contra o assédio laboral denunciado pelos sapadores e que juntou dezenas de pessoas, ontem, em Viana do Castelo.
“Não são respeitados os direitos à formação profissional, direitos de avaliação de desempenho, até de equipamentos de proteção que têm que ter”, acrescenta Isabel Camarinha.
O protesto contemplou ainda um desfile pelo centro da cidade, entre a Praça da República e a Câmara de Viana do Castelo, cujo presidente é acusado, pelo sindicato, de continuar “impávido e sereno” a assistir ao avolumar das queixas e de relatos das situações anómalas e alegadamente ilegais.
“Clima de instabilidade e mal-estar, e medo até”
Como O MINHO tem noticiado, o Sindicato Trabalhadores da Administração Local (STAL) anunciou, em março passado, uma ação em tribunal contra o Comandante dos Bombeiros Sapadores de Viana do Castelo, por “práticas que consubstanciam verdadeiros atos de discriminação e assédio moral e laboral”.
“Os trabalhadores, Bombeiros Sapadores, associados do STAL, solicitaram o apoio do sindicato para intentarem junto dos tribunais uma ação coletiva por assédio moral e laboral, que será instaurada nos próximos dias”, explicou na altura a coordenadora, Ludovina Sousa.
O comandante dos Sapadores, António Cruz, nunca reagiu publicamente às acusações do STAL.
Segundo o sindicato, “os trabalhadores decidiram dar luz verde à denúncia pública desta situação, que se tornou insustentável e que prejudica, irremediavelmente, o bom funcionamento do Corpo de Bombeiros, que se deseja estável a bem do serviço público”.
Além da ação em tribunal “ficou ainda decidido denunciar à Inspeção Geral de Finanças os sucessivos incumprimentos por parte do Comandante, enquanto superior hierárquico, do processo avaliativo dos trabalhadores”.
Segundo a sindicalista, “desde meados de 2015, altura em que António Cruz assumiu o comando do Corpo de Bombeiros Municipais de Viana, que os trabalhadores são vítimas do autoritarismo e abuso de poder”.
“Foram feitas inúmeras diligências, junto do Presidente da Câmara, no sentido de alertar para a gravidade da situação sem, no entanto, ter havido qualquer atitude por parte da autarquia”, refere a coordenadora do STAL.
Segundo Ludovina Sousa, aquela situação já foi “denunciada por diversas vezes” pela direção regional do STAL de Viana do Castelo, “quer em reuniões com o executivo camarário, quer por via de comunicações escritas, sem que da parte da autarquia, até hoje e que seja do conhecimento dos interessados, tenha sido tomada qualquer atitude, no sentido até de averiguação dos factos”.
“Cansados do clima de instabilidade e mal-estar, e medo até, que se instalou no seio da companhia, esses elementos/Bombeiros, num total de 31, entregaram, no dia 11, um abaixo-assinado dirigido ao presidente da Câmara, em que denunciam a situação que se vive no interior do Corpo de Bombeiros, provocada pelas atitudes ditatoriais, discriminatórias e persecutórias do Comandante e exigem que se ponha cobro às situações descritas”.
No documento, exigem “a imediata retirada de confiança operacional ao Comandante, e a receção de todos os signatários em tempo útil, para de viva-voz lhe darem conta dos factos concretos vivenciados por cada um e da gravidade da situação”.
Desde então, os Bombeiros Sapadores de Viana têm feito várias ações de protesto e reivindicam uma resposta da Câmara, a qual até agora tem defendido o comandante.
Com 242 anos de existência, os antigos Bombeiros Municipais de Viana do Castelo passaram, em 2019, a designar-se Companhia de Bombeiros Sapadores.