Os quatro “seguranças” detidos pela Polícia Judiciária foram já libertados esta sexta-feira, pelo Tribunal de Guimarães, cujo juiz de instrução criminal entende não estarem até agora recolhidos indícios que se trate de uma “guerra” entre duas empresas ou grupos em redor do controlo da segurança privada noturna, mas sim um problema entre duas pessoas e que se terá estendido a gente próxima de ambos os contendores e daí as situações de agressões.
Das duas alegadas agressões a Valter Gonçalves Ferreira (“Boss”), o magistrado judicial, em face dos indícios recolhidos pela Polícia Judiciária, não viu indícios de ter sido entre os quatro “seguranças” detidos que saiu o grupo disfarçado de três homens disfarçados de ciclistas, que na manhã de 6 de fevereiro deste ano, quando passava pela esplanada de uma pastelaria, em Guimarães, agrediu “Boss” com um ferro na cabeça, seguido de socos e pontapés, até por nenhum dos quatro ser aquele que a vítima então
disse ter reconhecido.
Por essa razão e outras essas já em segredo de justiça, o principal antagonista de Valter “Boss” teve como medida de coação apresentações diárias na PSP de Guimarães, quando o Ministério Público tinha pedido, ao invés, a prisão domiciliária, com pulseira eletrónica.
Os outros três detidos ficaram todos com apresentações trissemanais nos postos policiais das suas áreas de residência, enquanto prosseguem as investigações da Polícia Judiciária.
Durante o interrogatório, que decorreu até ao princípio da noite desta sexta-feira, o juiz de instrução criminal não considerou sequer indiciado o crime de associação criminosa que o Ministério Público imputou aos arguidos nesta fase da investigação criminal da PJ.
Tese da Defesa prevaleceu
A decisão judicial foi assim no essencial ao encontro da posição do Advogado de Defesa, Pedro Miguel Carvalho, que se bateu sempre contra qualquer medida coativa que fosse o condicionamento da liberdade ambulatória dos quatro arguidos, argumentando que nunca esteve em causa qualquer associação criminosa ou sequer conflitos grupais, mas sim uma questão pessoal relacionada com Valter Ferreira (Boss”), contra o qual hoje mesmo todos os quatro detidos e outros arguidos anunciaram irão processar, por um alegado crime de denúncia caluniosa, ao “Boss” ter feito queixa contra eles, junto das autoridades policiais.
Valter Gonçalves Ferreira (“Boss”), de 41 anos, natural do Porto, morador em Guimarães, foi também agredido em meados de março de 2017, igualmente em Guimarães, por alguns suspeitos, tendo aquando da segunda agressão, a 6 de fevereiro, segundo contou à Polícia Judiciária de Braga, relacionado os quatro detidos e ainda outros com ambas as agressões.
A agressão deste ano foi a mais grave, quando três rivais da profissão de “seguranças” o atacaram quando saía de uma pastelaria, tendo reconhecido os seus agressores, isto apesar de todos estarem encapuzados e terem surgido num ápice, como se fossem praticantes de ciclismo, estando com capacete na zona de Paçô Vieira e na Rua da Estação, Guimarães.
Juiz discorda da tese da PJ
Na origem destas agressões estarão guerras não só entre rivais da profissão de segurança privada, como pelo controlo do território da “noite”, alegadamente disputado pelas duas empresas onde uns e os outros dão a sua colaboração, conforme refere a Polícia Judiciária em comunicado emitido esta quinta-feira, dando conta das suspeitas por diversos crimes, só que o juiz de instrução criminal não concorda com essa perspetiva tão grave da PJ de Braga, por interpretar serem questões pessoais extrapoladas a outros, não guerra de grupo.
Valter “Boss”, supervisor de uma empresa sediada em Guimarães, não terá dúvidas que os ataques virão de outros seguranças, agora a trabalhar numa empresa concorrente, com a sua sede em Matosinhos, cuja grande parte dos operacionais já foram seus subordinados.
Valter “Boss” imputará as agressões de fevereiro e pelo menos uma anterior também, a um desses mesmos seguranças, aquele que assim procederá por estar convencido que foi despedido por alegadas intervenções diretas de “Boss”, porque era à data o seu supervisor.