Leonardo Jardim pode tornar-se na terça-feira o primeiro treinador português a conquistar a principal prova de clubes da Ásia, caso conduza o seu Al-Hilal à vitória na ‘Champions’ asiática, na final ‘caseira’ com os sul-coreanos do Pohang Steelers.
Os técnicos lusos já ‘espetaram lanças’ em África, na Europa e na América do Sul, mas nunca em solo asiático, feito agora ao alcance do técnico nascido em Barcelona, na Venezuela, há 47 anos, que chegou ao clube saudita em 01 de junho, curiosamente para suceder ao compatriota José Morais.
Depois de passagens por Camacha, Desportivo de Chaves, Beira-Mar, Sporting de Braga, Olympiacos, Sporting e Mónaco, Jardim ingressou no Al-Hilal e, 12 jogos depois, ainda não conheceu o sabor da derrota.
Pela frente, o técnico luso, campeão francês pelos monegascos, vai disputar um dos jogos mais importantes da carreira, sendo que, no caso de sair vitorioso, junta-se aos seis treinadores portugueses campeões continentais.
O mais galardoado é Manuel José, que venceu quatro ‘canecos’ em África, todos pelos egípcios do Al-Ahly (2001, 2005, 2006 e 2008), enquanto Jorge Jesus (Flamengo, em 2019) e Abel Ferreira (Palmeiras, em 2020) ganharam a Libertadores sul-americana.
Na Europa, Artur Jorge ganhou pelo FC Porto (1986/87), com José Mourinho a seguir-lhe as ‘pisadas’ em 2003/04 e a ‘bisar’, pelo Inter Milão (2009/10). Por seu lado, André Villas-Boas venceu pelo Chelsea (2011/12), ainda que saindo a meio dos ‘oitavos’.
Do sexteto de vencedores da principal prova continental de clubes, o treinador que tem melhor palmarés é, indiscutivelmente, Manuel José, de 75 anos, que levou os egípcios do Al-Ahly a quatro vitórias na ‘Champions’ africana.
Manuel José de Jesus Silva, nascido em 09 de abril de 1946, colecionou um total de 20 títulos pelo conjunto da cidade do Cairo, onde é considerado um ‘Deus’, incluindo as quatro vitórias na Liga dos Campeões da CAF, em 2001, 2005, 2006 e 2008.
Os sul-africanos do Mamelodi Sundowns (1-1 fora e 3-0 em casa), em 2001, os tunisinos do Étoile du Sahel (0-0 fora e 3-0 em casa), em 2005, e do CS Sfaxien (1-1 em casa e 1-0 fora), em 2006, e os camaroneses do Coton Sport (2-0 em casa e 2-2 fora), em 2008, foram as equipas que não resistiram ao Al-Ahly.
O técnico que em Portugal treinou, entre outros, Benfica, Sporting e Boavista, ao serviço do qual conquistou uma Taça de Portugal (1991/92) e uma Supertaça (1992), ainda disputou uma quinta final, que perdeu, em 2007, num segundo duelo com o Étoile du Sahel (0-0 fora e 1-3 em casa).
Além de Manuel José, só José Mourinho logrou conquistar mais do que um título: somou dois na Liga dos Campeões da UEFA, que é considerada a mais importante competição mundial de clubes.
O atual treinador da Roma, de 58 anos, venceu o primeiro troféu ao serviço do FC Porto, em 2003/04, e o segundo ao comando dos italianos do Inter Milão, em 2009/10, somando por triunfos as duas presenças na final da ‘Champions’.
Um ano após ganhar a Taça UEFA (2002/03), ‘Mou’ deu o segundo título europeu aos ‘dragões’ com um claro triunfo por 3-0 na final com o Mónaco, em Gelsenkirchen, com tentos do brasileiro Carlos Alberto, do internacional luso Deco e do russo Alenichev.
Seis anos depois, agora ao comando do clube de Milão, o treinador luso voltou a conquistar a Europa, agora em Madrid, onde superou o Bayern Munique por 2-0, com um ‘bis’ do argentino Diego Milito. Os ‘nerazzurri’ não venciam a prova desde 1964/65.
Na Europa, o primeiro vitória de um treinador luso aconteceu em 1986/87, época em que Artur Jorge Braga de Melo Teixeira, vulgo Artur Jorge, o ‘rei’ Artur, agora com 75 anos, conduziu o FC Porto ao triunfo na Taça dos Clubes Campeões Europeus.
Em Viena, um golo de calcanhar do mágico argelino Rabah Madjer e um tento do suplente brasileiro Juary, depois de Ludwig Kögl ter dado vantagem ao Bayern Munique, permitiu ao FC Porto bater os alemães por 2-1 e sagrar-se campeão da Europa.
Depois dos dois sucessos de Mourinho, André Villas-Boas, que tinha sido seu adjunto, também venceu a prova, em 2011/12, já que liderou o Chelsea até meio dos oitavos de final da ‘Champions’, sendo despedido em 04 de março de 2012.
Atualmente no ‘desemprego’, Villas-Boas participou em sete jogos da campanha dos londrinos, que, já sob o comando do italiano Roberto Di Matteo, arrebataram a prova na final com o Bayern – já batido por Artur Jorge e Mourinho -, nos penáltis. Não tem medalha, mas também é campeão da Europa.
Mais recentemente, os portugueses ‘arrebataram’ a América do Sul, ao serviço de clubes brasileiros: Jorge Jesus venceu em 2019, pelo Flamengo, e, ao comando do Palmeiras, Abel Ferreira ganhou, já este ano, a edição de 2020. Está novamente na final de 2021, podendo sábado revalidar o cetro.
O Flamengo superou os argentinos do River Plate por 2-1, graças a dois golos a acabar do ex-benfiquista Gabriel Barbosa, mais conhecido por Gabigol, enquanto Palmeiras superou o também brasileiro Santos por 1-0, com um tento ‘tardio’ de Breno Lopes.