A “lentidão” do sistema informático da saúde, “com bloqueios constantes e registos clínicos em demasia”, deixa “menos tempo para o utente” nas estruturas que integram a Unidade Local de Saúde do Alto Minho (ULSAM).
As conclusões constam de um levantamento realizado pelo Conselho Distrital de Viana do Castelo da Ordem dos Médicos (OM) na rede ULSAM, constituída pelos hospitais de Santa Luzia, em Viana do Castelo, e Conde de Bertiandos, em Ponte de Lima, além de 13 centros de saúde.
O trabalho sublinha a “necessidade de atualização de computadores” e aponta “múltiplos programas informáticos sem ou com má conexão” entre si.
“Não somos contra o sistema informático, queremos é que funcione bem porque é uma ferramenta muito útil para os médicos”, afirmou hoje à Lusa o presidente do Conselho Distrital de Viana do Castelo da OM, Nelson Rodrigues.
O responsável adiantou que os problemas agora detetados nas estruturas da ULSAM, que serve uma população residente superior a 250 mil pessoas, “representa desgaste para o médico o que se reflete na qualidade da consulta prestada ao utente”.
Revelou, “muitos doentes acabam por sair das consultas sem as receitas para os medicamentos porque o sistema informático está falha frequentemente”.
“Por vezes, para não perturbar muito a vida das pessoas passamos as receitas manualmente. No entanto, é uma situação que procuramos evitar para que o registo da medicação do doente seja inserido no sistema informático”, explicou.
A falta de sigilo dos registos clínicos é outra das falhas detetadas no estudo, realizado em maio passado, e que concluiu que os problemas detetados são “transversais a toda a ULSAM”.
“Com a implementação da Plataforma de Dados da Saúde (PDS) há possibilidade de profissionais não implicados no tratamento de um utente terem acesso aos registos clínicos deste, praticando aquilo que se pode intitular de ‘voyeurismo dos registos clínicos’, tratando-se de violação do sigilo médico, o que nos parece uma situação grave. Esta situação vai por em causa, se não o está a por já, o adequado tratamento das pessoas devido a estas sonegarem informação relativamente a si para evitarem ser vítimas da devassa da sua vida”, lê-se no documento.
O bastonário da OM, José Manuel Silva, adiantou que “esta é uma situação transversal a todo o país, com queixas recorrentes”.
“Há regiões do país onde o sistema informático funciona melhor outras em que funciona pior mas este é o panorama nacional”, afirmou.
O bastonário da OM adiantou que a “lentidão” do sistema informático “consome muito tempo aos médicos e torna o computador o centro da consulta em detrimento dos doentes.
Além da lentidão do sistema informático, José Manuel Silva adiantou que também “há problemas com os computadores que são velhos e desatualizados, há problemas com os programas informáticos, e falta de apoio informático local”.
“As conclusões deste estudo representam a objetivação dos problemas que os médicos sentem no terreno”, sustentou, defendendo a necessidade “urgente” de resolver estas questões para “evitar mãos constrangimentos ao funcionamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
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