O Instituto do Emprego e Formação Profissional aprovou a inclusão da arte do junco de Forjães, Esposende, no Registo Nacional de Produções Artesanais Tradicionais Certificadas, segundo publicado hoje em Diário da República.
De acordo com o documento, a Câmara de Esposende terá agora de proceder ao registo da denominação da produção, sob a forma de indicação geográfica, junto do Instituto Nacional da Propriedade Industrial.
A produção artesanal das esteiras de junco em Forjães, concelho de Esposende, arrancou no século XIX, dando origem a um grupo de artífices à época designado por “esteireiros”.
O trabalho do junco foi-se ali consolidando e desenvolvendo, numa atividade produtiva que atingiu o seu auge em meados do século XX, quando se registaram 80 a 90 “esteireiros” em produção, numa atividade de caráter familiar e que era praticada em conjugação com as atividades agrícolas.
Após uma época de declínio registada nas últimas décadas do século XX, assistiu-se nos tempos mais recentes a um ressurgimento daquela produção artesanal, fruto do interesse suscitado quer pelos saberes tradicionais envolvidos, quer pela sustentabilidade das matérias-primas utilizadas.
Gradualmente, o trabalho do junco passou a ser realizado, essencialmente, pelas mulheres.
As coloridas cestas de junco, feitas a partir das esteiras previamente tecidas nos teares próprios, constituem, hoje em dia, uma imagem de marca e de identidade de Forjães e do concelho de Esposende.
Uma das especificidades do artesanato de junco de Forjães é a utilização de junco de água salgada (vulgarmente conhecido por junco marítimo), nascido nos estuários de rios como o Lima, o Âncora, o Coura e, mais recentemente, o Cávado.
Mas o principal local de apanha é o sapal da margem esquerda do Lima, cerca de dois a três quilómetros a montante da foz, nos meses de julho e agosto.
Na preparação do junco é utilizado o enxofre, que é colocado a arder por debaixo dos feixes de junco, dispostos em pilha, dadas as suas características fungicidas, operação que visa preservar o junco e branqueá-lo.
Parte do junco, depois de secado e enxofrado, é sujeito ao tingimento com anilinas, de modo a obter as cores vivas características daquela produção tradicional.
Para a urdidura do tear, é utilizado o fio de juta, fio vegetal robusto que garante a resistência da obra de junco produzida.