Laurentino Dias lamentou hoje a recusa de Fernando Gomes de participar em debates, considerando que a transparência e o debate público são “obrigações indeclináveis” de quem quer liderar o Comité Olímpico de Portugal (COP).
Em comunicado enviado à Lusa pela sua assessoria de imprensa, o candidato à presidência do COP revela que recebeu quatro convites para debates públicos com Fernando Gomes, dando resposta “positiva a todos”, ao contrário do seu adversário, que “lamentavelmente, até agora”, não aceitou nenhum.
“Os pedidos de debate foram formulados pela Universidade Europeia, ISCTE, jornal Record e CNID, tendo a lista A imediatamente comunicado a confirmação da sua comparência em todos estes debates propostos, agradecendo naturalmente o interesse – interesse esse que é de todos, porque a transparência e o debate público são obrigações indeclináveis de quem pretende dirigir uma instituição de interesse nacional e público como o COP”, destaca.
O antigo secretário de Estado do Desporto defende que o sufrágio de 19 de março, como todas as eleições, não pode ser “um exercício de gestão privada ou oculta dos mais diversos poderes, mas antes o assumir público de compromissos e propostas”.
“O debate é uma exigência da vida democrática das instituições e mais ainda quando se trata de um Comité Olímpico. Os atletas, treinadores, dirigentes desportivos têm o direito a saber, pelo confronto saudável e aberto, qual das candidaturas tem melhores condições para vencer o desafio futuro”, sustenta o líder da Lista A.
Para Laurentino Dias, as propostas que cada candidatura apresenta no seu programa “não são para ficar apenas no papel e, por isso, beneficiariam com certeza do debate público e franco entre as duas candidaturas sobre a visão que pretendem imprimir ao COP”, de modo a esclarecer “as respetivas diferenças com transparência para que todos possam escolher em plena consciência qual o melhor projeto”.
“Estes princípios, ou seja, a transparência, o debate de ideias e a clareza de projetos norteiam também o espírito olímpico – são-lhe mesmo inerentes. […] O movimento olímpico deve ser conduzido com limpidez e abertura. A sociedade civil e os membros do COP merecem ouvir e questionar, de forma aberta e honesta, as propostas de quem se candidata a liderar o futuro do desporto em Portugal”, alerta.
O candidato a suceder a Artur Lopes na presidência do organismo considera “verdadeiramente incompreensível” que Fernando Gomes não se disponha a conversar sobre o seu programa.
“Não queremos acreditar que em tantos anos à frente da Federação Portuguesa de Futebol a sua liderança seja a de quem tudo decide sozinho sem ouvir os demais, sem debater o que pensa – enfim a liderança de um homem absolutamente só. Estamos convencidos de que não é esse o tipo de experiência/liderança que falta ao COP”, vinca.
O jurista de Fafe coloca, no entanto, a hipótese de o seu opositor ter declinado os convites por a isso ter sido obrigado por “algum impedimento extraordinário”, reiterando estar “completamente disponível para participar “em todos os debates, em qualquer formato, em qualquer dia que Fernando Gomes entenda ser o mais conveniente”.
Laurentino Dias, secretário de Estado do Desporto entre 2005 e 2011, e Fernando Gomes, que deixou a liderança da Federação Portuguesa de Futebol, por limite legal de mandatos, concorrem à sucessão de Artur Lopes, que assumiu a presidência do COP após a morte de José Manuel Constantino, em agosto passado.
As eleições estão agendadas para 19 de março, na sede do organismo olímpico, em Lisboa.