O historiador do Centro de Estudos Regionais de Viana do Castelo, Rui Maia defende que “há cinco antigas infraestruturas industriais que é imperativo preservar no Alto Minho, a começar pela primitiva ponte da Casa Eiffel & Cie, que realizava a travessia ferroviária do rio Âncora, entre 1878 e 1989, na freguesia de Âncora, concelho de Caminha, e que se encontra abandonada há décadas na Póvoa de Lanhoso, no estaleiro da empresa DAEL.
Em declarações a O MINHO, a propósito do I Encontro sobre o Património Industrial do Alto Minho, que decorre em abril na cidade, Rui Maia enumera, ainda, a necessidade de preservar a extinta Fábrica de Cerâmica da freguesia de Cerdal, em Valença, que fabricava telhas e “está ao abandono”.
Defende, ainda, que se intervenha na extinta fábrica de calçado “Pinta Amarela” ou ” Lusitana Ictori” em Valença do Minho, construída em 1927, mesmo na cidade, que era propriedade de um espanhol, da Galiza, de seu nome José Gonzalez Garcia.
“Esta fábrica chegou a vender milhares de botas para o Exército Português, no tempo da Guerra do Ultramar”, recorda.
Entende, também, ser necessário salvaguardar o que ainda for possível da memória da extinta SOMARTIS, em Viana do Castelo, demolida recentemente para dar lugar a um supermercado e outras atividades conexas.
A última proposta a submeter à discussão no encontro é a de se salvaguardar o património que ainda resta da extinta Linha do Vale do Lima. “Trata-se de um caminho de ferro desenhado para ligar Viana do Castelo, Ponte de Lima, Ponte da Barca e outras localidades do Alto Minho, complementando a rede secundária dos caminhos de ferro, foi desclassificada e abandonada desde o século XX”.
Património em debate
O Centro de Estudos Regionais e a Associação Portuguesa para o Património Industrial/TICCIH Portugal organizam a 14 e 15 de abril, na Escola Superior de Educação o I Encontro sobre o Património Industrial do Alto Minho.
A iniciativa visa valorizar o Património Industrial da região, “conferindo-lhe o lugar que deve ter no campo da investigação, da defesa e divulgação”.
Para tal, adianta o investigador, está aberto o período para a submissão de propostas de comunicação ou apresentação de ‘posters’ no âmbito das seguintes linhas temáticas: “Estudo, salvaguarda e divulgação do património industrial no Alto Minho; Teoria e metodologia do património industrial e da sua arqueologia; Conservação e restauro do património industrial; Desindustrialização, cidades e património industrial; Transportes e comunicações: herança patrimonial.
Os temas em debate serão ainda os da Museologia industrial e conservação de acervos técnicos e industriais; Inventário do património industrial no Alto Minho; Classificação e proteção legal do património industrial; Ensino e formação em património industrial; Turismo industrial; Arte e património industrial; Património pré-industrial; Património ferroviário; Património geológico e mineiro; Arquivos empresariais; Arqueologia e património industrial no Alto Minho: perspetivas de futuro.