O ex-administrador da TAP Diogo Lacerda Machado disse hoje não compreender o pagamento de 55 milhões de euros a David Neeleman para sair da estrutura acionista, em 2020, porque entende que o acordo parassocial “não valia mais”.
“Não faço a menor ideia, não tive o mínimo envolvimento nessa circunstância. […] Vai ter de fazer essa pergunta a quem tomou essa decisão. Eu não a compreendo”, respondeu Diogo Lacerda Machado, na comissão de inquérito à TAP, quando questionado pela deputada Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, se conhecia o pagamento de 55 milhões de euros a David Neeleman para sair da companhia aérea e se sabia qual a sua razão.
Em 2020, quando a TAP voltou à esfera do Estado, na sequência do auxílio devido aos problemas causados pela pandemia, Lacerda Machado era administrador não executivo da TAP, cargo que deixou em abril de 2021, e a companhia aérea era tutelada pelo então ministro das Infraestruturas Pedro Nuno Santos e, do lado da tutela financeira, pelo secretário de Estado do Tesouro, Miguel Cruz.
Na opinião de Lacerda Machado, com a alteração provocada pela pandemia de covid-19 e subsequente auxílio estatal, “todos os acordos e contratos feitos até então perderam sentido”.
“O meu entendimento é que o acordo parassocial não vigorava mais, a alteração tão radical das circunstâncias, no meu entendimento levou a que todo o capital investido na TAP até então tenha sido perdido. Na minha opinião o acordo parassocial não valia mais”, explicou o advogado.
Já quanto a David Neeleman, que considerou “um homem genial no mundo da aviação”, Lacerda Machado afirmou que o objetivo do acionista era sair da TAP através de abertura de capital, como tinha feito anteriormente noutras empresas.
No entanto, o Estado deixou claro que não abdicaria da participação de 50%. “Na minha interpretação, foi por isso que Neeleman disse que era melhor sair vendendo a sua participação e não indo ao mercado de capitais”, apontou.