Um grupo de presidentes de junta do município de Cabeceiras de Basto manifestou hoje “total solidariedade” com a freguesia de Cavez nas reivindicações contra a gestão camarária da verba compensatória pelos constrangimentos causados pela construção da Barragem de Daivões.
Em comunicado enviado hoje à Lusa, os presidentes das juntas de freguesia de Basto, Faia, Pedraça e Riodouro (o município de Cabeceiras de Basto é constituído por 12 freguesias) expressam também “total solidariedade” com colega autarca de Cavez, Paulo Guerra, que, referem, “na defesa dos interesses e necessidades da população que representa tem sido injustamente desrespeitado e desconsiderado”.
Paulo Guerra tem vindo a acusar a Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto de estar a gastar noutras freguesias a verba destinada a compensar Cavez pela “não-execução da ampliação da pista de pesca desportiva”, uma das medidas compensatórias registadas no acordo entre o município e a Iberdrola, em 2015, no âmbito da construção da Barragem de Daivões.
Segundo o autarca de Cavez, “aquela verba, cerca de 2,5 milhões de euros [pagos em tranches anuais entre 2016 e 2921], tem que ser gasta na freguesia de Cavez mas está a ser afetada a projetos noutras freguesias” do concelho.
“Neste sentido, expressamos total solidariedade com a reivindicação da população e das instituições de Cavez em exigir uma diferente gestão por parte da Câmara Municipal na alocação das verbas do protocolo, para que as mesmas sejam direcionadas para projetos e obras a executar na freguesia de Cavez e na União de Freguesias de Gondiães e Vilar de Cunhas”, lê-se.
A título de exemplo, aqueles presidentes de junta referem que a Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto, “como se constatou na reunião de Câmara no passado dia 25 de maio de 2018, alocou a maior parte verba anual (75%) a transferir pela Iberdrola a outras obras no concelho, deixando de ser executadas obras de extrema importância nas freguesias afetadas
No texto, os autarcas “incitam” ainda a Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto a que “dialogue e articule com as instituições e população das freguesias afetadas pela construção da barragem as ações a financiar e executar ao abrigo do protocolo assinado com a Iberdrola em resultado da não-ampliação da pista de pesca desportiva de Cavez”.
O grupo lembra que o acordo para a construção daquela barragem “homologado por Sua Excelência o Ministro do Ambiente e do Ordenamento do Território (…) estabeleceu que as verbas deverão ser preferencialmente alocadas a intervenções em zonas afetadas pelo projeto do Sistema Electroprodutor do Tâmega – onde se inclui a barragem de Daivões”.
Na terça-feira, os presidentes das Juntas de Abadim, Bucos, Cabeceiras de Basto, União de Freguesias de Alvite e Passos, União de Freguesias do Arco de Baúlhe e Vila Nune, União de Freguesias de Refojos de Basto, Outeiro e condenaram a posição do colega de Cavez, defendendo a posição da câmara.
Em comunicado enviado terça-feira à Lusa, reconheceram o mérito dos “critérios e prioridades definidas pela Câmara Municipal, nos últimos três anos, para aplicação das verbas do protocolo assinado com a Iberdrola”, salientando “compreender, aceita e defender as decisões até agora tomadas pela Câmara Municipal, que tem privilegiado neste período a freguesia de Cavez”, acusando Paulo Guerra de estar a “desinformar, usar e manipular” os seus conterrâneos.
Os autarcas favoráveis à câmara de Cabeceiras de Basto salientam que em Cavez houve um “total de investimentos de 687.578,43 euros”, desde 2016, enquanto o investimento nas restantes freguesias foi de 503.081,25 euros, aos quais acrescem 60 mil euros para aquisição de uma nova viatura – Unidade Móvel de Atendimento ao Cidadão.