O julgamento do chamado “Grupo do Fujacal”, cujo início estava previsto começar esta segunda-feira, no Tribunal de Braga, foi adiado para o próximo dia 24 de janeiro, devido a indisponibilidade de agenda de um dos advogados considerados essenciais no processo.
Tiago Ferreira Freitas está envolvido na defesa do caso da morte de recrutas de Comandos e cuja leitura do acórdão será igualmente esta segunda-feira, mas em Lisboa, tratando-se de processo mais antigo. Assim, o Tribunal Coletivo anuiu ao requerimento que aquele causídico apresentou atempadamente, segundo soube O MINHO junto de fontes judiciais.
Um dos elementos do “Grupo do Fujacal” será também julgado por alegadas ameaças de morte, contra um agente da PSP, uma vez que tal agente da autoridade, da Esquadra de Intervenção Rápida (EIR) do Comando Distrital de Braga da PSP, participara numa sua detenção, em outubro de 2020, dada a posse de arma de fogo, também na cidade de Braga.
O suspeito, Rilker Richard Almeida, com 26 anos, em finais de dezembro de 2020, depois de uma identificação de rotina, da parte da Esquadra de Intervenção Rápida da PSP, terá dito em voz alta, ao agente, que sendo libertado anteriormente, por causa da pistola: “Não me aconteceu nada, fiquei cá fora [libertado do Tribunal], mas isso não vai ficar assim, se fosse no Brasil, já te tinha dado um tiro no meio da cabeça, meu palhaço, no julgamento estás fodido comigo, eu vou dizer que me encostaste à parede e me apontaste uma arma”.
Tiros contra irmãos nas Enguardas
Rilker Richard é igualmente o suspeito de ter disparado à queima-roupa contra três irmãos residentes no Bairro das Enguardas, da família Faria, tendo sido todos alvo de pelo menos quatro tiros, segundo a acusação do Ministério Público, divulgada esta semana.
Com os dois primeiros disparos a menos de cinco metros e os outros dois a cerca de dez metros, que “só por mero acaso nenhum desses disparos atingiu qualquer das vítimas”, o que é ainda salientado pelo magistrado Ricardo Tomás, procurador do Ministério Público.
Davide Chilombo Portela, Henrique Lima Marquês e Rilker Richard Almeida estão todos acusados pelo MP da autoria dos crimes de tentativa de homicídio qualificado, agravados pelo uso de armas de fogo proibidas inseridos no chamado “Grupo do Fujacal”, em Braga.
“Luta pelo território e hegemonia”
Para o Ministério Público, a base da motivação dos tiroteios praticados por elementos dos dois grupos rivais, é a “tentativa de controlo territorial e de afirmação de hegemonia de um grupo em relação ao seu opositor”, numa série de conflitos e que “só por mero acaso ainda não culminaram numa tragédia para os visados ou os populares então nesses locais”.
O MP destaca que “para alimentarem esse estatuto de grupo criminoso, os seus membros publicam nas redes sociais fotografias onde se acompanham ou exibem armas e joias”, o que contribui igualmente para espicaçar as rivalidades e também as provocações mútuas.
Ao “Grupo do Fujacal”, através dos referidos três arguidos, bem como um quarto suspeito que nunca foi identificado, o MP imputa uma provocação, que consistiu em pintar a negro “Fujacal” acima da inscrição “Enguardas Bronx”. Três irmãos residentes no edifício não gostaram daquilo que viram nessa tarde do dia 18 de março de 2021, e perseguiram os rivais.
Nessa altura, os membros do “Grupo do Fujacal”, apercebendo-se terem sido descobertos, dispararam, mas sem os atingir. Atropelaram ainda uma jovem, quando esta, para tentar evitar a fuga dos membros do “Grupo do Fujacal”, se colocou à frente do carro, conduzido pelo universitário de 22 anos Henrique de Lima Marquês, mas este arguido afirmou no processo que nunca atropelou ninguém, negando também os outros factos de que o acusam, segundo a contestação do advogado Tiago Ferreira Freitas.
“Enguardas Bronx” com três presos
Três membros do Grupo “Enguardas Bronx” encontram-se em prisão preventiva após a outra operação da PJ, apoiada pela PSP, Samuel Pinto Monteiro (“Samaritano”), Sandro Joel Garcia Pinto (“Joelinho”) e Rui Alexandre Carvalho (“Fire”), sendo que este núcleo teria o apoio do “Grupo do Picoto”, além de jovens residentes nas Fontainhas e Montélios, sendo estes defendidos pelos advogados João Ferreira Araújo e Marisa Carvalho Oliveira.