Adiado julgamento de homicídio de empresário de Braga. Suspeitos podem vir a ser libertados

O julgamento dos sete indivíduos acusados de raptar e matar um empresário de Braga e de dissolver o corpo em 500 litros de ácido sulfúrico, em 2016, com início marcado para esta quinta-feira, no Tribunal São João Novo, no Porto, foi adiado pelo juiz, visto que os depoimentos prestados pelo advogado Pedro Bourbon e por Filipe Leitão na fase de instrução são nulos e, como tal, terão de ser repetidos.

Assim, segundo avança o jornal Correio da Manhã (CM), os arguidos que se encontram em prisão preventiva podem vir a ser libertados a 14 de junho, altura em que serão ultrapassados os prazos limite para aquela medida de coação.

De acordo com o CM, “a única forma de tentar evitar a libertação dos responsáveis pela morte do empresário João Paulo Fernandes, em Braga, será o Ministério Público requerer a especial complexidade do processo, mas tal pedido pode não ser aceite pelo juiz“.

Os arguidos estão acusados de associação criminosa, furto qualificado, sequestro, homicídio qualificado, falsificação de documentos, incêndio e profanação de cadáver.

Os crimes aconteceram em março de 2016, quando João Paulo de Araújo Fernandes, de 41 anos, foi raptado à frente da filha, com oito anos, em Braga, e morto por estrangulamento num armazém de Valongo, sendo o corpo dissolvido em ácido sulfúrico, noutro armazém, em Baguim do Monte.

A família do empresário de Braga raptado e assassinado, exige uma indemnização superior a um milhão e meio de euros, sendo que mais de uma milhão é o montante pedido pela filha, agora com nove anos, através da mãe. Fernando Martins Fernandes e Maria das Dores de Araújo Paredinha Fernandes, pais da vítima, pretendem ser ressarcidos com 600 mil euros, por danos morais e patrimoniais causados.

João Paulo de Araujo Fernandes, vítima mortal. DR

João Paulo de Araújo Fernandes, empresário da construção civil emigrado em França, foi abordado por dois homens encapuzados, à porta de casa, em Lamaçães, na noite de 11 de março de 2016, tendo sido agredido e forçado a entrar num automóvel, onde foi levado. A vítima estava acompanhada pela filha, então com oito anos, tendo esta pedido socorro numa farmácia ali localizada. Posteriormente, o corpo do empresário terá sido posteriormente dissolvido em 500 litros de ácido sulfúrico.

“Abordaram o empresário por volta das 20:30 horas, meteram-no no interior de um dos veículos automóveis e levaram-no para um armazém, em Valongo, onde o mataram por estrangulamento, acabando por dissolver o cadáver em quinhentos litros de ácido sulfúrico, já noutro armazém, sito em Baguim do Monte”, lê-se num comunicado da Procuradoria-Geral da República, de novembro de 2016.

Pedro Grancho Bourbon, advogado de Braga, está acusado de vários crimes. DR

Pedro e Manuel Grancho Bourbon, advogados e irmãos, um economista de nome próprio Adolfo, Emanuel Marques Paulino, conhecido por “Bruxo da Areosa”, Rafael Silva, segurança conhecido por Neil, Luís Filipe Monteiro, gerente comercial, e Hélder Moreira, mediador de seguros que já se mostrou “arrependido” e que desde então tem colaborado com a Polícia Judiciária, vão ser julgados pelos crimes de associação criminosa, furto qualificado, falsificação ou contrafação de documentos, sequestro, homicídio qualificado, profanação de cadáver e incêndio. Três daqueles arguidos vão ainda responder pelo crime de detenção de arma proibida.

De acordo com a acusação, aqueles sete arguidos “organizaram-se entre si, criando uma estrutura humana e logística, com o propósito de sequestrar um empresário de Braga, de o matar e de fazer desaparecer o seu cadáver”.

Emanuel Marques Paulino, conhecido por “Bruxo da Areosa”, seria um dos principais beneficiados com o crime, a par do advogado Pedro Grancho Bourbon. DR

Com isso, pretendiam “impedir de reverter um estratagema” mediante o qual uma parte do património dos pais da vítima, avaliada em cerca de dois milhões de euros, fora passado para a sociedade Monahome, controlada pelo advogado Pedro Grancho Bourbon e o “Bruxo da Areosa”, e que nenhum dos dois tencionava devolver à família.

Inicialmente, o plano seria esconder duas dezenas de imóveis do alcance dos credores dos pais do empresário, durante um “período de segurança” de cinco anos, alegadamente com a finalidade de evitar o pagamento de 300 mil euros a fornecedores e aos trabalhadores das empresas Fernando M Fernandes e a InMetro, propriedade daquela família.

 
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