Julgamento de advogada de Barcelos por burla prossegue em setembro em Braga

Burlou 22 pessoas vendendo-lhes as casas sem autorização
PSP no Tribunal de Braga. Foto: Joaquim Gomes / O MINHO (Arquivo)

O Tribunal de Braga prossegue em setembro e em outubro o julgamento de uma advogada de Barcelos Anabela dos Santos Nogueira, que foi acusada pelo Ministério Público por ter vendido bens imóveis de clientes, sem sua autorização e com recurso a procurações e outros documentos falsificados. A burla, que atingiu 22 pessoas – a maioria delas emigrantes – soma 1,064 milhões de euros.

O coletivo de juízes vai continuar a ouvir os lesados e as testemunhas.

A causídica, que, alegadamente, atuava em parceria com o ex-marido Bruno Nogueira, empresário com oficina de automóveis, de 35 anos, está acusada da prática de 65 crimes, 22 dos quais de burla qualificada, enquanto ele está indiciado por 52 crimes, 22 dos quais de burla qualificada. Estão, ainda, acusados dos crimes de falsificação de documentos, e falsas declarações agravado. Praticados entre 2014 e 2017. O inquérito envolve duas outras pessoas, que ajudaram no esquema, por falsas declarações e falsificação (3 crimes ao todo).

Na primeira audiência, em outubro de 2023, e conforme O MINHO noticiou, a jurista confessou a totalidade dos crimes de que está acusada, e manifestou-se “extremamente arrependida”.

“Estou aqui de coração aberto. Se tiver de cumprir uma pena de prisão efetiva, fá-lo-ei”, disse aos juízes, salientando que podia ter fugido para o Brasil mas optou por enfrentar a justiça e aqueles que foram prejudicados pela sua ação e que está a tentar ressarcir.

Para pagar dívidas do marido

No seu depoimento, Anabela Nogueira explicou que, em 2014, como o casal tinha dificuldades financeiras, em boa parte decorrentes das dívidas da oficina do marido, resolveram, depois de terem visto um anúncio do Jornal de Notícias, ir a uma empresa ‘creditícia’ de Gondomar, a CrediGom, para fazer um negócio de troca de cheques: “Dávamos um cheque, por exemplo, de 150 euros, e recebíamos 85. Depois tínhamos de os pagar”.

Salientou que, esta prática criou como que uma “bola de neve”, o que somado à necessidade de “ajudar” o negócio do ex-companheiro, a levou a cometer o primeiro crime, em 2014, no Cartório Notarial da Maia.

Num depoimento sem hesitações, revelou que perdeu tudo, já que deu a casa própria, por uma questão de “honra”, para pagar aos burlados, e que, hoje, faz limpezas e dá explicações.

 
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