Meia centena de idosos, com idades até 101 anos, vão participar no próximo fim de semana na recriação da “Entrada Triunfal” de Jesus em Jerusalém e da “Via Sacra”, organizada por jovens católicos de Alvarães, em Viana do Castelo.
“Antigamente eram apenas os jovens a participar, mas hoje temos pessoas de todas as idades. Podemos dizer que há pelo menos um membro de cada família da freguesia representada nos quadros vivos. Temos pais e filhos, avós e netos”, contou hoje Júlio Vieira, estudante de 19 anos que integra a organização de uma tradição com mais de meio século.
Dos 50 idosos, 16 vão participar como figurantes, sendo que quatro deles têm entre 95 e 101 anos. Pela primeira integrarão os quadros vivos que vão desfilar pelas ruas da vila retratando a caminhada de Jesus a carregar a Cruz desde o Pretório de Pilatos até o monte Calvário.
Os quadros vivos contam com a participação de mais de 150 pessoas, sobretudo jovens, que começaram a preparação há mês. O desfile percorrerá mais de três quilómetros e ligará as 14 capelas e a igreja da freguesia. A Via Sacra começa cerca das 20:00 de sábado e termina cerca das 23:00.
Para assumir o papel de Jesus no quadro da Ceia, Maurício Miranda, de 28 anos, começou há três meses a descer crescer a barba. Há mais de 20 anos que participa consecutivamente naquela tradição.
“Mesmo quando estava na universidade continuei a participar. Quero colaborar para que esta tradição se mantenha, porque Alvarães é única a manter estas memórias” afirmou o jovem.
O autarca de Alvarães, Fernando Martins, manifestou “orgulho” no envolvimento da população da freguesia, “muito devota”.
“As pessoas unem-se em comunhão com a fé. A participação nestes momentos é enorme e a intergeracionalidade é muito interessante”, sustentou.
Além dos Quadros Vivos”, no domingo, às 10:00, ocorre a recriação da “Entrada Triunfal” de Jesus em Jerusalém, com a bênção dos Ramos, outra tradição secular da freguesia situada na margem esquerda do rio Lima, e que se cumpre no domingo anterior à Pascoa.
“Cada pessoa traz o seu raminho de oliveira. Logo no início da eucaristia o padre faz a bênção dos ramos com uma leitura do evangelho. Existem oliveiras em Alvarães e com as pessoas também têm nos seus quintais levam a mais para partilharem com o resto da freguesia”, explicou uma das responsáveis pelos festejos da Páscoa em Alvarães, Fernanda Sottomaior.
“Há um respeito enorme pelo ramo benzido, ninguém o deita fora. Esse ramo é levado para casa e fica em lugar de destaque de um ano para o outro, simbolizando a paz naquela casa e naquela família. Ao fim de um ano é queimado e não pode ser deitado ao lixo”, acrescentou.
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