Já foi um dos maiores pesadelos de todos os jovens médicos que saíam dos bancos da faculdade, quando se chamava Harrison. Desde 2019 mudou de formato, mas a Prova Nacional de Acesso continua a ser o exame que define o futuro de todos os estudantes de medicina do país. E este ano, a melhor nota (ver aqui) foi alcançada por Manuel Bernardo Rodrigues Costa, residente em Vieira do Minho.
O jovem médico esteve à conversa com O MINHO e, sem desmerecer a classificação obtida no exame realizado em novembro de 2022, fez questão de realçar que por vezes é só mais um “bocadinho de discernimento e um bocadinho de sorte” para conseguir terminar à frente de outros que tiveram igual prestação imaculada.
Falámos de um exame de 150 perguntas de escolha múltipla, cada uma com cinco respostas possíveis, onde participaram cerca de 2.000 jovens médicos que já iniciaram o internato médico deste ano, ou seja, a “nova fornada” de médicos para 2024.
Manuel explica que a preparação para este exame geralmente começa no ano anterior, dada a sua complexidade, e que requer não só muitas horas de estudo mas também de concentração e serenidade na altura da sua realização.
“Não tenho nenhuma fórmula mágica”, vincou, recordando o caminho que trilhou: “Fui adquirindo alguns conselhos com colegas mais velhos que foram bem sucedidos, fiz o que muitos fizeram, tive discernimento e sorte, na altura de escolher a resposta decidi bem, naquele dia tudo me correu bem”.
Com 25 anos, Manuel reside em Vieira do Minho, “mesmo na vila”, de onde o pai é natural. Já a mãe nasceu em Rossas, no mesmo concelho. Viveram em São Vicente, na cidade de Braga, mas regressaram à ‘terra’ quando Manuel tinha apenas quatro anos. Fez o percurso escolar até ao ensino secundário em Vieira do Minho e ingressou, em 2016, na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, associada ao Hospital de Santa Maria, concluindo o curso em 2022.
Atualmente, é médico interno de formação geral no Hospital de Braga, onde realiza o seu ano de internato médico geral desde janeiro deste ano. Este internato é obrigatório para todos os médicos recém-formados – como é o caso de Manuel – que se queiram especializar em alguma categoria médica.
O internato geral do clínico minhoto termina em dezembro de 2023, mas ainda “é cedo” para saber que especialidade irá seguir.
Sobre ter escolhido a carreira de médico, Manuel Costa não vai muito em romantismos, e fala no interesse pela ciência e pela curiosidade que sempre sentiu, sobretudo em relação à parte “do mecanismo das doenças, como o nosso corpo reage”.
“Desde pequeno achava piada em perceber como é o corpo humano ficava doente, quais os mecanismos mais moleculares”, explicou. Curioso por natureza, não será de descartar a hipótese de vermos Manuel Costa, no futuro, a exercer funções de investigador, por ser algo que lhe está invariavelmente no sangue.
“Na componente de ser médico, há a investigação, que pode ser básica, de laboratório, ou através do estudo da ciência mais clínica, como pegar num grupo de doentes e tentar perceber se um medicamento é melhor que outro, se este tratamento tem menos efeitos adversos que outro, e isso é importante para qualquer médico, que tem sempre que estudar muito para se manter atualizado”, concluiu.