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Jovem artista de São Paulo escolhe Famalicão para viver e já venceu concurso de arte urbana em Portugal
Giulia, de 25 anos, ganhou a Mostra Nacional de Jovens Criadores
Há pouco mais de um ano a viver em Famalicão, a jovem artista brasileira Giulia Yoshimura foi a vencedora da Mostra Nacional de Jovens Criadores (MNJC) na categoria Arte Urbana, no ano em que o evento teve mais inscrições, um total de 838.
A paulistana de 25 anos venceu a mostra com a peça Ruderal, uma obra composta por uma pedra encontrada em entulhos, com uma das suas faces pintada com tinta acrílica. Com a obra de arte, Giulia também quis passar uma mensagem.
“Quando eu estava a estudar o que ia compor para o concurso, lembrei-me de uma espécie que são as plantas ruderais, uma espécie que cresce em ambientes inóspitos, normalmente causada pelo ser humano, como um prédio, uma construção ou o asfalto, ela cresce onde tudo colaborou para não crescer. A planta é como um símbolo de resistência da natureza, de viver perante a construção humana”, explica a artista em entrevista a O MINHO.
“Quando comecei a pensar, pensei num material que representasse isso, como uma pedra, um pedaço de concreto, de uma construção. Optei por uma peça de formato menor para trazer algo intimista. Como estava a competir em arte urbana, quis algo que fizesse as pessoas prestarem atenção. Eu queria algo mais intimista, aproximar as pessoas, que vissem de perto, pois estas plantas estão escondidas. Peguei esta pedra e pintei uma espécie de erva doce que cresce nestes ambientes, para trazer a curiosidade de observar mais a natureza”.
Ruderal, a obra vencedora da MNJC. Foto: Jenniffer Lima Pais/Gerador
Foto: Divulgação
Alguns murais pintados pela artista. Foto: Divulgação
Com ascendência japonesa, Giulia imigrou para Portugal em outubro de 2021. A região do Minho apareceu na sua vida por causa do namorado, que também é artista, mas noutra área, e foi estudar no Instituto Nacional de Circo, em Famalicão, e foram morar na cidade.
Quando ele foi admitido, Giulia já tinha tirado a graduação em Arquitetura e Urbanismo pelo Instituto Federal de São Paulo, e acabou por encontrar o Mestrado em Artes Plástica, na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto.
A artista lembra que até vivia um momento de crise com o seu próprio trabalho, mas a admissão deu um novo ânimo, e resolveram embarcar. “É muito difícil ficar longe da família. Mas aqui eu tenho a oportunidade de fazer os trabalhos que eu mais gosto, profissionalmente é tudo muito diferente. Eu vivia em São Paulo, fazia tudo lá, aqui eu vivo em Famalicão e estudo no Porto”, aponta Giulia.
“Mas é tudo recompensador, eu queria poder pintar, e estou a conseguir os objetivos, fiz pinturas para a Câmara, tive oportunidade de pintar em França, na Alemanha, no Brasil seria mais difícil. Tem valido muito a pena”.
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Uma das especialidades de Giulia é pintar murais, então está habituada a grandes escalas. Apaixonada pela natureza, a paulistana encontra na flora a sua inspiração, e busca pormenores em vegetais e na botânica em geral.
“A minha pintura é uma arte botânica, é uma arte voltada para o realismo, sempre com plantas, flores, árvores, sempre com a natureza, a reconectar o ser humano com o vegetal, buscar este laço que vem sendo distanciado com o crescimento das cidades. Desde que a evolução acontece, o homem vem saindo da natureza”, explica.
O interesse pela arte vem desde miúda, quando pintava, fazia artesanato e croché com a avó paterna. Enquanto jovem, ainda não via como profissão, até porque a família incentivava a tirar uma licenciatura em outra área, e acabou por vir a arquitetura. Durante o curso, uma amiga pagou para fazer um mural, e a pintura tornou prioridade para Giulia, e já com trabalhos feitos, ingressou de vez na profissão, até vir para Portugal.
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A oportunidade de concorrer à Mostra Nacional de Jovens Criadores veio em setembro, e a obra vencedora foi feita especificamente para o concurso. Quando venceu, Giulia até estava no Brasil e não esteve presente no evento.
Sobre o futuro, Giulia ainda não define. Ainda jovem, lembra que existe a possibilidade de ficar em Portugal por mais algum tempo, desde que comprove que está a trabalhar. No entanto, o foco, para já, é terminar o mestrado e continuar a pintar.
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