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Jornalista portuguesa detalha a Joe Rogan como foi perseguida por ‘barões’ dos opioides nos EUA

Mariana van Zeller colabora com a National Geographic

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A jornalista portuguesa Mariana van Zeller foi a convidada no episódio desta quarta-feira do podcast “Joe Rogan Experience” (JRE), considerado o mais popular em todo o mundo. Um dos temas em destaque foi o documentário lançado há dias que conta como a jornalista e o repórter de imagem, seu marido, ajudaram a desmontar aquela que foi uma das mais lucrativas “pill mill” (fábrica ilegal de opioides) na história da América, através de recolha de imagens com recurso a câmara oculta dentro da clínica e no estacionamento, provando que ali havia um negócio de droga, e não de saúde.

Nascida em 1978, na cidade de Cascais, Mariana van Zeller começou a carreira de jornalista em 2000, na SIC. No ano seguinte foi para os EUA estudar e acabou por cobrir os eventos do 11 de setembro, em direto, para a estação televisiva portuguesa, para quem colaborou durante mais algum tempo.

Realizou documentários sobre conflitos ou situações problemáticas em Serra Leoa, Sri Lanka, Brasil, Nigéria, México ou Síria, onde foi correspondente de três canais (PBS, CBS e Channel 4). Entre 2005 e 2011 produziu reportagens e documentários para um canal por cabo financiado por Al Gore, que servia como uma plataforma para documentaristas e jornalistas independentes, valendo-lhe vários prémios internacionais (People’s Voice Webby Award, Peabody Award e Livingston Award for Young Journalists) e reputação como uma das mais ousadas repórteres de investigação a nível internacional.

Atualmente, é responsável pelo programa “Na Rota do Tráfico”, da National Geographic. Pode ouvir aqui o episódio de JRE com Mariana van Zeller.

O combate às drogas levado a cabo pelos Estados Unidos da America (EUA), também foi tema, ‘conflito’ que a jornalista considera ter sido “falhado”, lembrando as suas investigações ao longo de anos onde demonstrou que alguns opioides como oxycon, levaram à dependência e morte de dezenas de milhares de cidadãos que confiaram na indústria farmacêutica. Apesar de só agora ser lançado este documentário, a jornalista já havia ganhado um prémio em 2011 por uma reportagem sobre o efeito dos opioides nas famílias americanas.

No podcast, a jornalista formada pela Universidade Nova de Lisboa revelou detalhes de um documentário que realizou com o repórter de imagem e seu marido, Darren Foster, onde ambos tentam desmontar um esquema em que uma clínica e “pill mill”prescrevia e vendia opioides sem qualquer controlo, chegando a ter mais de 1.000 “pacientes” que na verdade eram viciados que iam comprar a sua dose.

Contou a portuguesa a Joe Rogan que a clínica atuava com médicos certificados que, a troco de pagamento, prescreviam os medicamentos para a dor sem sequer “olharem para o paciente”. Durante a realização do documentário (e essas imagens estão incluídas no filme), ela e o marido foram perseguidos ao longo de quilómetros pelos próprios donos da clínica, apenas amendontrados após chegada da polícia. É que os dois empresários da clínica, irmãos, ganhavam milhões por ano com aquele negócio. Acabaram os dois presos e até participaram no mencionado documentário, “American Pain” (era o nome da clínica), que estreou no passado dia 05 de fevereiro.

O JRE é um podcast de conversas longas apresentado pelo comediante e apresentador Joe Rogan. O programa inclui entrevistas com convidados de diferentes origens, incluindo celebridades, atletas, políticos e especialistas em vários campos, discutindo uma ampla gama de tópicos, incluindo eventos atuais, filosofia ou ciência. É amplamente popular e conhecido pelo seu formato informal e sem roteiro e tem sido um palco para entrevistas e discussões de alto perfil com impacto na sociedade.

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