“Um rapaz do campo, cabeleireiro e estrela pop, António Variações silenciou a homofobia expressando-se livremente – e renasceu como ícone 35 anos depois da sua morte”, é assim que é introduzida a reportagem do jornal britânico The Guardian sobre o músico natural de Amares.
Assinada pelo jornalista português Pedro João Santos, a reportagem é intitulada “A cut above: António Variações, Portugal’s queer pop superstar” e releva a figura do artista minhoto como ícone LGBT+.
“Variações estava no aparecimento de uma consciência coletiva homossexual em Portugal”, refere no artigo António Fernando Cascais, especialista em estudos ‘queer’.
De acordo com a Wikipedia, ‘queer’ designa “pessoas que, seja por sexo biológico, orientação sexual, orientação romântica, identidade de género ou expressão de género, não correspondem a um padrão heteronormativo. O termo é usado para representar homossexuais, polissexuais, assexuais e, frequentemente, também as pessoas transgénero”.
A reportagem sublinha, ainda, que qualquer observação homofóbica – ainda que Variações nunca tivesse publicamente assumido a sua homossexualidade – era esquecida assim que ele entrava em palco.
António Joaquim Rodrigues Ribeiro, nome de batismo, nasceu em Fiscal, Amares, em 03 de dezembro de 1944 e faleceu em Lisboa em 13 de junho de 1984.
Deixou dois álbuns – “Anjo da Guarda” (1983) e “Dar & Receber” (1984) – que marcaram indelevelmente a história da música pop em Portugal.
A sua música foi alvo de recriação por diversos artistas nacionais, realçando-se o projeto “Humanos” que redescobriu a obra de Variações, através de um disco, lançado em dezembro de 2004, com canções da sua autoria que nunca tinham sido editadas.
No ano passado, foi lançado o filme biográfico Variações, realizado por João Maia, baseado na vida do cantor.
“É uma boa coisa que os seus versos continuem a ecoar por todo o Portugal. Das casas de banho em Lisboa às paisagens verdes do Minho, o nomadismo existencial de ‘Estou Além’ mantém-se como um hino: ‘Porque eu só quero quem não conheci… Porque só quero ir aonde não vou’. António Variações continua a ir e a encontrar pessoas que ele nunca viu”, sentencia o artigo.