Declarações após o Gil Vicente-Paços de Ferreira (1-2), jogo da 16.ª jornada da I Liga portuguesa de futebol, disputado no Estádio Cidade de Barcelos:
Ricardo Soares (treinador do Gil Vicente): “O [primeiro] golo, da forma como foi [sofrido], atendendo ao momento que o Gil Vicente atravessa, criou uma instabilidade muito grande. Se criou instabilidade, fruto de ser um erro não forçado, por outro lado encheu de confiança uma equipa que já trazia enorme confiança [para este jogo]. Demorámos a entrar no jogo, mas não perdemos o equilíbrio na totalidade. Noutro erro incompreensível, sofremos o segundo golo. O nosso jogador não calculou bem a [trajetória] da bola. Na segunda vez que o Paços vai à nossa baliza, marca, embora estivesse melhor do que nós.
Entrámos muito bem na segunda parte e encostámos o Paços [de Ferreira] lá atrás. Aí fomos Gil Vicente. A equipa manteve o equilíbrio emocional e jogou mais à frente, mas o golo apareceu muito tarde.
O resultado não é justo. Penaliza-nos em demasia. A confiança não abunda, mas não tenho dúvidas de que a equipa vai fazer um campeonato tranquilo.
Pretendi precisamente que a segunda parte fosse aquilo que foi [ao não ‘mexer’ na equipa após o intervalo}. Dei tranquilidade aos meus jogadores, que não estavam a fazer um bom jogo. Perceberam que tivemos dois erros não forçados. Mas também perceberam que nunca podemos perder a nossa identidade. Conheço bem o grupo e sabia bem a resposta que eles iam dar.
Dentro destes jogadores, temos de fazer mais. Os jogadores têm de estar mais concentrados. Não podem cometer erros inadmissíveis. Tenho de arranjar forma que eles não cometam erros primários. Temos de vestir o ‘fato-macaco’, porque somos uma das quatro ou cinco equipas na luta [pela manutenção] e não estamos na posição em que queríamos [está no 17.º lugar].
Temos muita gente importante de fora, como o Miullen, o Antoine [Léautey] e o Ygor Nogueira, que penso ter uma mialgia no gémeo. E chegaram alguns jogadores de qualidade, que vão acrescentar valor à equipa. Na segunda parte, fomos uma equipa com crença, qualidade contra uma equipa a fazer um campeonato extraordinário.”
Pepa (treinador do Paços de Ferreira): “Foi uma primeira parte fantástica do Paços. Fomos uma equipa muito personalizada, que conseguiu ter bola e paciência na fase de construção. Fomos competentes e eficazes quando chegámos ao último terço. Sem bola, faltou-nos encurtar mais os ‘corredores’. Permitimos algumas situações de ‘um para um’, mas conseguimos neutralizar o Gil Vicente.
A segunda parte foi completamente diferente, não por nos querermos agarrar a vantagem, mas por defrontarmos uma equipa bem organizada, com um bom treinador, que luta pelos três pontos até ao fim, como nós. Controlámos na maior parte do tempo, mas o Gil Vicente fez um golo com justiça. Vestimos o ‘fato-macaco’. Foi uma vitória fantástica do Paços de Ferreira.
É história [as cinco vitórias consecutivas que perfazem a melhor série de resultados do clube]. É o que fica. Olhamos para isso com muito orgulho, mas não temos tempo para olhar para isso. Mais tarde, vai ficar nos registos do clube. Se calhar, vai-se falar muito tempo desta marca, mas daqui a três dias já estamos a jogar outra vez, em casa, com o Tondela.
A equipa sabe sofrer e sabe ter bola. Nas bolas paradas, o Gil Vicente é uma equipa muito competente e forte. Roçámos a perfeição nesse aspeto. Queremos continuar nesta senda. O que está para trás está para trás.
Ninguém gosta de sofrer golos, mas eu tenho uma diferença de golos positiva [24 marcados e 13 sofridos], algo que nunca me tinha acontecido na vida. Se eu treino equipas que lutam pela manutenção, é normal ter um ‘score’ negativo na carreira. Do outro lado, estava uma boa equipa, que lutou até ao fim pelo resultado. Sofremos um golo porque houve mérito do Gil Vicente. Só teria um ‘amargo de boca’ se sofresse o golo [do empate] no último livre. Seria alguma sobranceria da minha parte dizer que estou desagradado com a equipa por ter sofrido um golo [e interrompido a série de quatro jogos sem sofrer].”