Marco Gonçalves, futebolista do GD Gerês, foi suspenso durante 18 meses pela Associação de Futebol (AF) de Braga na sequência de comportamento agressivo para com um árbitro.
O jovem futebolista de 22 anos está acusado pela associação que tutela o futebol no distrito de ter partido a cana do nariz do árbitro que apitou o jogo entre o GD Gerês e o Serzedelo, a contar para a 13.ª jornada do Campeonato Distrital Seniores 1ª divisão – Série B, em janeiro último.
Apesar de o relatório da associação que determinou o castigo indicar que o juiz da partida foi agredido pelo jogador, o mesmo nega qualquer agressão ao árbitro, e diz apenas ter-se “encostado” num momento “mais acalorado” do jogo.
Em declarações a O MINHO, Marco mostra-se revoltado com o castigo: “Nada fiz a não ser encostar-me ao árbitro e apanho 18 meses de castigo”.
A situação ocorreu pouco depois dos 80 minutos de jogo, quando o lateral direito do Gerês, já com um amarelo no jogo, fez uma falta no meio campo, acabando por receber a segunda cartolina e ordem de expulsão por acumulação de cartões.
“Contestei o segundo amarelo e a única coisa que fiz foi encostar-me ao árbitro na altura dos protestos, não lhe bati, não dei cabeçada, não o esmurrei e muito menos lhe parti o nariz””, expõe.
Marco blinda-se no relatório da GNR, a que O MINHO teve acesso, e que registou essa ocorrência como “um encosto não significativo”.
O jogador já foi ouvido na sede da AF Braga para aplicação de castigo, mas alega não poder ter-se defendido. “Levei testemunhas mas não quiseram saber, já estava definido que me iriam castigar”, diz.
Embora tivesse sido apontado como um exemplo de disciplina, por ter registado apenas cinco cartões em onze anos de AF Braga, este foi um dos castigos mais pesados a que se assistiram nos últimos anos.
“Parti-lhe o nariz aos 83 minutos e ele nada disse, ficou em campo até final?”, questiona o jogador agora suspenso. “Admito que merecia um castigo por lhe ter tocado, mas nunca 18 meses”, contrapõe.
“É totalmente irrazoável que eu lhe tivesse partido o nariz sem que ele não tivesse esboçado qualquer reação e continuasse em jogo normalmente, estivesse com a GNR que o acompanhou para os balneários e em momento algum disse à GNR que eu lhe parti o nariz, é óbvio que isto é mentira”, argumenta.
O jovem, natural de Vieira do Minho, já apresentou recurso, na passada sexta-feira. “Tive de pagar 400 euros ao advogado para recorrer, embora seja um valor alto, faço-o porque não é verdade aquilo de que me acusam e vou levar isto até às últimas para provar que não parti nada ao árbitro”, aduz.
“Eu vou pela verdade… Se realmente lhe tivesse partido a cana, a multa de 18 meses seria justa e eu tinha de estar caladinho, mas não o fiz, por isso não me vou calar”, vinca, apelando ainda à AF Braga que tenha “consideração” pela carreira exemplar que teve ao longo da última década.
O MINHO tentou ouvir a AF Braga sobre esta matéria, mas tal não foi possível ao longo dos últimos dias.
Já o Núcleo de Árbitros de Futebol de Braga havia manifestado publicamente a solidariedade para com David Alves, árbitro da partida, de apenas 20 anos.
Em comunicado, o núcleo falou em “agressão bárbara” e inibidora relativamente à opção do árbitro prosseguir carreira e que “a justiça deve atuar” para bem do “respeito e fair-play“ no desporto.