O motociclista Joaquim Rodrigues anunciou hoje que irá regressar ao Dakar em honra do cunhado, Paulo Gonçalves, falecido em janeiro deste ano, após queda de mota na sétima etapa daquela prova emblemática, na Arábia Saudita.
“Chegou a hora de voltar a mexer, perder os quilos que tenho a mais e mudar de hábitos, por isso decidi sair deste buraco negro e vou voltar ao Dakar! Vou continuar em Honra do Paulo, meu amigo, meu parceiro, e minha família”, escreveu na sua página de Facebook.
O piloto de 38 anos, natural de Barcelos, assume que entrou em depressão após a morte do cunhado: “Quatro meses e 11 dias passaram desde o momento em que a minha família sofreu provavelmente o maior choque das nossas vidas, e estes meses têm sido arrasadores, pela minha querida irmã e meus sobrinhos e afilhada, que perderam o maior pilar da vida deles, o marido e pai”.
E prossegue: “Tenho vivido este sofrimento arduamente, principalmente por tudo que vivi naquele deserto da manhã de domingo do dia 12 de janeiro. Domingo esse em que vivi o maior trauma da minha vida, onde o desespero de o ter ali deitado nos meus braços enquanto todos tentávamos o trazer de volta entre os gritos e choro sentindo-me impotente, chamando pela minha irmã, não querendo acreditar que estava a ser real e pensando que estava num filme ou em algum pesadelo, pesadelo esse que me vem perturbando psicologicamente até hoje, onde me levou noites e noites a acordar a meio da noite a chorar assustado agarrado à minha companheira, perdido sem saber para onde me virar.
“Passei 4 meses sentado no sofá a entrar em depressão profunda a cada dia que passava, com vontade de desistir de tudo, entrando num estado onde as pessoas que estavam comigo falavam para mim e eu não ouvia porque a minha cabeça estava num mundo ou planeta completamente diferente do mundo real. Fiquei sozinho fechado no meu mundo depressivo. Ganhei 10kg. Com isto tudo acabei por perder pessoas importantes na minha vida e fiquei completamente sozinho e perdido”.
Agora, Joaquim Rodrigues entende que chegou a hora de dar a volta por cima e regressar ao Dakar.
“Felizmente tenho uma equipa, a Hero Motosports Team Rally, que nunca nos faltou com apoio, equipa onde me sinto como se fosse uma segunda família. Falámos e devo voltar a andar de moto já nesta próxima semana com os novos testes de preparação 2020 em Portugal! Quero agradecer a todos os que me apoiaram até ao dia de hoje, a todos os patrocinadores e amigos por terem estado sempre a meu lado nesta difícil fase da minha vida”, conclui o piloto.
Paulo Gonçalves, natural de Gemeses, Esposende, morreu no dia 12 de janeiro, aos 40 anos, na sequência de uma queda no Rally Dakar, na Arábia Saudita.