Joaquim Rodrigues Jr. anuncia fim da carreira como piloto profissional

Joaquim Rodrigues Jr. anunciou este sábado a sua retirada dos campeonatos profissionais de motociclismo, mantendo-se em funções de ‘staff’ na sua atual equipa, a Hero.

Em comunicado, o piloto de Barcelos explica que chegou a um ponto em que já não sente a mesma vontade de “acelerar” e admite que o acidente que vitimou em 2020 o seu cunhado, o também piloto Paulo Gonçalves, contribuiu para esta decisão.

Diz mesmo que foi “a dor sentida com o acidente do Paulo, naquele maldito dia 12 de janeiro de 2020, que mais me custou e tudo mudou”, explicando que o ‘amor’ pelo deserto e pelas competições internacionais nunca mais foi o mesmo.

“Recentemente, acompanhei a prova de Abu Dhabi de fora e, pela primeira vez na minha carreira, senti-me bem em estar ali, sem vontade de meter primeira e arrancar quando via os meus colegas a partir para a pista. Senti que estava no sítio certo”, sublinha Joaquim Rodrigues.

O piloto conta que depois dessa situação, ao regressar a Portugal, falou “abertamente com a equipa que logo compreendeu” e aceitou a sua vontade de deixar a competição.

“Senti que estava no momento de sair e que o devia fazer da mesma forma honesta como sempre geri a minha carreira. Não era correto estar ali a enganar a Hero, os patrocinadores, aqueles que sempre me apoiaram, fazendo figura de corpo presente quando a cabeça me dizia que era hora de parar. Decido então, sair pelo meu próprio pé. Por isso tomei a decisão de não voltar a competir profissionalmente”, escreveu.

Comunicado de Joaquim Rodrigues na íntegra

“Durante 35 anos dediquei-me, de alma e coração, ao Motocross, ao Supercross, ao Enduro e, mais recentemente, aos Ralis. Sempre o fiz de forma intensa e apaixonada. Nem de outra forma faria sentido.
A dedicação que me levou ao Campeonato do Mundo de Motocrosse e depois ao tão desejado AMA Supercross nos Estados Unidos acompanhou-me ao longo de toda a carreira. A mesma dedicação e entusiasmo com que me dediquei aos rali-raides.

Não foi fácil, nunca o é. Sair de casa, ainda miúdo, para ir para uma equipa oficial do Mundial de Motocross, ao lado do bicampeão do Mundo, é um sonho de qualquer jovem piloto, fazer a mala e rumar aos Estados Unidos, sozinho, sem saber o que esperar do mais feroz campeonato de supercross do Mundo. Chegou a um ponto em que, mais do que a falta de motivação, sentia que era hora de parar, de mudar de rumo. O entusiasmo não era o mesmo e sempre respeitei as equipas, os patrocinadores e todos os que me rodeavam.

Assim foi, também, nos Ralis-Raides. Atraído pelas grandes maratonas, fiquei apaixonado pelo deserto. Começamos nas aventuras do Dakar com sucesso, derrotas, alegrias, dias bons e dias menos bons, mas nunca desisti daquilo a que me propus, porque não faz parte de mim desistir.


Mas foi a dor sentida com o acidente do Paulo, naquele maldito dia 12 de janeiro de 2020, que mais me custou e tudo mudou. Sofri muito, mas, também por ele, voltei ao Dakar. Superei medos, receios e com a sua ajuda conseguimos vencer uma etapa em 2022.

Sei que nunca mais me senti o mesmo piloto. Não por medo ou receio de acidentes, mas uma perda tão imensa leva-nos a relativizar tudo o resto e ver a vida de outra forma.


Nunca desisti de treinar, de me esforçar e dedicar, para juntamente com a equipa conseguir atingir as metas a que nos propusemos. Mas, com o tempo começam a surgir dúvidas, se é mesmo aqui que queremos estar e nestes últimos tempos essas dúvidas começaram a surgir. Recentemente, acompanhei a prova de Abu Dhabi de fora e, pela primeira vez na minha carreira, senti-me bem em estar ali, sem vontade de meter primeira e arrancar quando via os meus colegas a partir para a pista. Senti que estava no sítio certo.

Regressamos a casa e falei abertamente com a equipa que logo compreendeu e aceitou a minha vontade de deixar a competição. Senti que estava no momento de sair e que o devia fazer da mesma forma honesta como sempre geri a minha carreira. Não era correto estar ali a enganar a Hero, os patrocinadores, aqueles que sempre me apoiaram, fazendo figura de corpo presente quando a cabeça me dizia que era hora de parar. Decido então, sair pelo meu próprio pé.


Por isso tomei a decisão de não voltar a competir profissionalmente.

Espero que todos compreendam a minha decisão. Todos devemos saber quando parar e respeitar quem deseja parar. Uma paragem que não é um adeus. Felizmente a Hero voltou a mostrar que é mais do que uma equipa, uma verdadeira família, e convidou-me para manter a ligação à equipa, que espero poder ajudar e contribuir para o seu sucesso”.

 
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