Artigo de opinião
Miguel Brito
Advogado
Uma das coisas que me afasta da direita populista, entre tantas coisas, é a visão maniqueísta, entre bons e maus e aquele excesso de linguagem, por exemplo, chamar à “esquerdalha” e por tudo no mesmo saco, como se a política fosse um jogo de guerra, em que os adversários têm que ser eliminados, sem perceber que em todos os partidos há boas pessoas, boas ideias e candidatos exemplares que não têm que ser da nossa cor política.
Tudo isto a propósito da candidatura de João Batista à Câmara Municipal de Braga.
Recordo-me da figura ímpar do vereador comunista “Eng. Casais Batista” tão respeitado por toda a gente que o conhece. Fiel às suas ideias, legou aos filhos esse legado de que ser comunista é uma forma de procurar um mundo melhor, mais justo e mais livre.
Era também competente, recordo-me de um contributo na área do urbanismo, com a criação de parques na periferia da cidade, publicitados por um marketing político de especial qualidade (creio que um desenho de Arlindo Fagundes).
O seu desempenho como vereador e a sua cidadania foram um exemplo para todos.
Esta passagem de testemunho, tem algo de “poético” e que me deixa muito atento, não tendo dúvida de que vai aprofundar o debate nas próximas autárquicas em Braga.
Alguém lhe vai perguntar de dedo em riste , sobre o PREC, o COPCON, a queda do muro de Berlim, sobre o Gulag, sobre as nacionalizações e não quero nem saber o que responderia.
Para mim, um candidato que cresceu no seio de uma família livre, bem formada, esclarecida, é uma lufada de ar fresco.
O que me afasta, cada vez mais dos partidos do “centro”, dos convertidos independentes é poder dizer bem e mal, identificando que há coisas boas em todos os quadrantes.
O que me afasta da esquerda, sobretudo da esquerda radical, é ter a liberdade de escrever sobre quem tem ideias e sobre linhagem. Apesar de estar nos antípodas das ideias de quem elogio.
Sobre o bem, o certo e o decente.