O futebolista João Aurélio, do Vitória SC, negou qualquer envolvimento num esquema de viciação de resultados em benefício do Sporting, como foi noticiado na quarta-feira.
“Face às notícias veiculadas pelos órgãos de comunicação social, envolvendo o meu nome, sou a informar que as nego veementemente, pois sou completamente inocente. Desconheço, por completo, as razões para as referências ao meu nome. Não conheço, não sei quem são e nunca tive qualquer contacto ou qualquer abordagem, por parte desses nomes indiciados nas notícias, alegadamente relacionados com o Sporting”, lê-se em comunicado.
A Polícia Judiciária (PJ) deteve quatro pessoas na quarta-feira, incluindo o diretor para o futebol do Sporting, André Geraldes, e efetuou buscas na SAD do Sporting, em Lisboa, por “suspeitas de corrupção ativa”, no âmbito de uma operação denominada ‘Cashball’.
“Estranhando que, até este momento, nunca tenha sido chamado a prestar declarações às entidades competentes, informo que instruí o meu advogado para agir judicial e criminalmente contra todos aqueles que, por qualquer forma, lançaram ou difundiram essas falsas insinuações”, acrescenta João Aurélio, exigindo celeridade ao Estado e às autoridades judiciais no apuramento da verdade de forma a retirar o seu nome do que classifica de “lamaçal”.
O jogador termina agradecendo as manifestações de apreço e solidariedade de que foi alvo, nomeadamente de colegas de profissão, Sindicato dos Jogadores, e em especial, do Vitória SC, clube que diz representar “com enorme orgulho e respeito”.
A investigação da PJ levou à detenção do ‘team manager’ do Sporting, André Geraldes, e também de Paulo Silva, suposto intermediário em casos de alegada corrupção em jogos de andebol e de futebol, e de João Gonçalves e Gonçalo Rodrigues, funcionário do clube.
Segundo o Correio da Manhã, a investigação do Ministério Público incide sobre vários jogos de futebol, nomeadamente o da terceira jornada da I Liga desta época, entre o Vitória SC e o Sporting, que os ‘leões’ venceram por 5-0.
O jornal cita conversações que alegadamente implicam o defesa João Aurélio, jogador do Vitória que terá sido aliciado para facilitar o triunfo do clube lisboeta.
Além deste, estarão também em causa os restantes cinco jogos do Sporting nas seis primeiras jornadas na presente época da I Liga, com Desportivo das Aves, Vitória de Setúbal, Estoril Praia, Feirense e Tondela.
Os arguidos deste caso estão detidos nas instalações da PJ do Porto e deverão ser ouvidos na quinta-feira no tribunal de instrução criminal.
Sindicato e Clube solidários
O Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) manifestou apoio ao jogador do VitóriaSC, enaltecendo o “caráter do jogador enquanto pessoa e profissional”.
“O Sindicato dos Jogadores manifesta o seu apoio ao associado João Aurélio. (…) Sem prejuízo de outros esclarecimentos, neste momento importa enaltecer o caráter do jogador enquanto pessoa e profissional e prestar-lhe, através do departamento jurídico do Sindicato, toda a assistência necessária”, pode ler-se em comunicado divulgado na quarta-feira.
A direção do clube vitoriano mostrou já “surpresa e estupefação” pela suspeita, realçando que é preciso resolver uma situação que põe em causa o “bom nome e a credibilidade de uma instituição quase centenária e que se orgulha de ser uma referência desportiva nacional”.
“O Vitória Sport Clube repudia, de forma veemente, a prática de qualquer ato que prejudique a verdade desportiva e extrairá as devidas consequências junto de todo e qualquer agente desportivo que se venha a demonstrar ter praticado tais atos”, refere a nota assinada pelo presidente do clube, Júlio Mendes.
Nono classificado na edição 2017/18 da I Liga, o clube exigiu ainda “uma rápida, enérgica e eficiente intervenção dos órgãos judiciais competentes” e “mostrou-se totalmente ao dispor para o que venha a ser entendido como necessário”, uma vez que é o “principal interessado no apuramento da verdade”.
O SJPF apelou ainda que seja respeitado “o segredo de justiça” na divulgação mediática” de outros casos em que foi tornado público o decurso de investigações criminais e visados, em concreto, profissionais de futebol”.