Já se vê metade da antiga aldeia de Vilarinho da Furna, no Gerês

Submersa há 51 anos
Já se vê metade da antiga aldeia de vilarinho da furna, no gerês
Vilarinho da Furna. Foto: Joaquim Gomes / O MINHO 2022

A antiga aldeia de Vilarinho da Furna, no Gerês, submersa há 51 anos “em nome do progresso hidroelétrico português”, já é visível em cerca de metade da sua extensão, devido à seca que assola todo o país. O período foi aproveitado para a limpeza dos pilares e outras estruturas habitualmente cobertas pela albufeira do rio Homem.

O próximo fim de semana será o quarto consecutivo em que a Associação dos Antigos Habitantes de Vilarinho da Furna (AFURNA), abrirá as portas para acesso aos seus próprios terrenos, incluindo as três praias fluviais, mas em que a grande atração é o ressurgimento do casario em granito, à medida que vai baixando o caudal, segundo referiu a O MINHO o guardião, António Barroso, revelando que a já partir do dia 01 de agosto haverá um bar para apoiar a zona balnear e a visitação à parte descoberta da antiga aldeia.

Já se vê metade da antiga aldeia de vilarinho da furna, no gerês
Foto: O MINHO
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Foto: O MINHO
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Foto: O MINHO

A partir do próximo dia 01 de agosto e até 15 de setembro, a entrada naquele espaço de AFURNA será portajada, com a mesma tabela de sempre desde há 20 anos consecutivos, que permite o acesso durante todo o dia à antiga aldeia, ao campo de merendas e a todas as suas três praias fluviais, do Arco da Mondeira, da Portelada e da Quinta do Padre Outeiro: três euros por automóvel, dois euros por moto, um euro por bicicleta e 50 cêntimos para cada pessoa que fora desses veículos circule a pé para dentro dos terrenos de AFURNA.

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Foto: O MINHO
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Foto: O MINHO

De acordo com o coletivo, presidida pelo sociólogo e professor catedrático Manuel de Azevedo Antunes, essa taxa permite condicionar o acesso massivo, especialmente às viaturas, de modo a não sobrecarregar tais espaços e garantir o equilíbrio paisagístico, servindo ainda para financiar as atividades de manutenção, ao longo de todo o ano, não só do caminho que a partir do pontão da barragem acede à antiga aldeia de Vilarinho da Furna, limpando os terrenos todos os anos, para evitar eventuais fogos florestais, ao mesmo tempo que se executam outras atividades pedagógicas e de valorização das suas tradições.

Já se vê metade da antiga aldeia de vilarinho da furna, no gerês
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Foto: O MINHO

A associação está também a desenvolver um trabalho de recuperação da atividade do linho, desde o seu cultivo, num terreno em Covide, até ao fabrico de peças, já com dois desfiles de permeio, sendo a criação de um pomar o próximo passo.

António Barroso, de 77 anos, primeiro-secretário da direção de AFURNA, é o guardião da antiga Aldeia de Vilarinho da Furna, tendo a responsabilidade direta da administração de mais de dois mil hectares que pertencem ao povo daquele enclave situado entre as serras Amarela e do Gerês, incluindo diversos currais e cabanas de pastores.

Já se vê metade da antiga aldeia de vilarinho da furna, no gerês
António Barroso. Foto: O MINHO

Atualmente, aguardam autorização do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG), através do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), para reativar alguns velhos caminhos da povoação.

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Foto: O MINHO
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“Em 2014 tivemos um embargo da construção de um estradão, que só abrangia cerca de 500 metros, mas que permitiria ligar aos nossos terrenos, pois tínhamos caminhos de servidão, até há 50 anos atrás, antes da barragem ter tapado os dois antigos caminhos, um em cada margem do rio Homem, mas continuamos a precisar de outros caminhos, para termos acesso às oito cabanas de pastores e ao fojo do lobo que até já recuperamos”, referiu António Barroso.

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Foto: O MINHO
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Foto: O MINHO

A Aldeia de Vilarinho da Furna, que fazia parte da freguesia de São João do Campo (hoje designada Campo do Gerês), no concelho de Terras de Bouro, foi submersa em meados de fevereiro de 1971, mas nos últimos dias do ano de 1970, já as 57 famílias da localidade geresiana haviam levado os seus haveres, ficando as casas em pedra que a cada passo, como atualmente são parcialmente visíveis, por causa da barragem, de 94 metros de altura, coroamento de 385 metros em forma de arco, com área envolvente de cerca de 346 hectares.

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Foto: O MINHO

Entre os finais das décadas de 1969 e 1970, a resistência do povo de Vilarinho da Furna foi muita, mas nunca conseguindo vencer a força da água, nem as determinações governamentais de Marcelo Caetano, presidente do Conselho de Ministros, tendo sido necessário o então governador civil de Braga, Santos da Cunha, deslocar-se à aldeia, explicando que nada poderia ser feito em contrário, para se demoverem os habitantes, que com indemnizações foram viver para outras freguesias dos distritos de Braga e Viana do Castelo.

O Museu Etnográfico de Vilarinho da Furna, na Porta de Entrada de Terras de Bouro, do Parque Nacional da Peneda-Gerês, é agora a memória viva do que foi a aldeia, com a recriação das suas casas típicas, dos utensílios de trabalho e do vestuário, um espaço único, integralmente erigido com pedras oriundas de Vilarinho da Furna, de modo a não deixar cair no esquecimento o que foi a povoação e os ensinamentos que ainda podem ser transmitidos aos mais novos.

 
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