O comandante Santos Fernandes considerou hoje que a inteligência artificial “não é o fim do mundo, mas um desafio novo”, vincando que temos a tendência para correr sempre atrás do prejuízo.
“Não acho [que a inteligência artificial] seja o fim do mundo, mas é um desafio novo, que se tem vindo a complicar de dia para dia”, referiu o comandante Santos Fernandes, chefe de divisão de Planeamento do Estado Maior da Armada, na conferência “Confiar no jornalismo, fugir à desinformação”, que decorre na sede da Lusa, em Lisboa.
O comandante defendeu que temos sempre tendência para correr atrás do prejuízo, lembrando os escândalos com algoritmos e redes sociais.
Apesar de acreditar que existe já uma “consciencialização para o problema”, caso contrário o mesmo não seria debatido, Santos Fernandes alertou que este é “um novo mundo […] e uma enorme ameaça”.
Sobre esta matéria, a ‘president & Global Media Literacy Educator’ do Internacional Council for Media Literacy, Belinha de Abreu, sublinhou que a inteligência artificial já está presente nas nossas vidas, através de uma Alexa, Siri ou mesmo de um Joaquim, referindo-se aos assistentes virtuais disponíveis nos telemóveis, tablets e outros ‘gadgets’.
Contudo, sublinhou que já se falam em direitos humanos para os ‘robots’ para que tenham “um pouco mais de controlo” sobre a sua própria vida, o que disse ser quase um filme de ficção científica que acarreta problemas de ética.
“Isto vem modificar a ideia de que a inteligência artificial é só uma máquina. É um problema porque nós não sabemos qual é poder dela”, acrescentou.
Presente na mesma conferência, o investigador Vítor Tomé, questionado sobre o papel dos jornalistas, em Portugal, face à desinformação e a estes avanços tecnológicos, afirmou que “as pessoas não podem querer tudo e já”, o que defendeu ser impossível no que diz respeito à informação.
“O jornalismo hoje é uma profissão menos reconhecida do que era. Dizemos que os professores têm muito trabalho, claro que sim, mas os jornalistas, muitas vezes, têm três profissões e um único salário”, apontou, exemplificando que o New York Times tem cerca de 3.000 jornalistas e o Público 30.
Na conferência, organizada pela Agência Lusa, foi ainda exibido o documentário “Trust Me”, do norte-americano Roko Belic, que aborda a desinformação na era digital, com recurso a depoimentos de cientistas, governantes, psicólogos e jornalistas.
“Trust Me” alerta para a forma como o público pode detetar a manipulação de fontes e informações, filtrando o que é ou não factual, e assim evitar a proliferação de ‘fake news’.