O inquérito do DIAP à Associação Industrial do Minho (AIMinho) tem já mais de 50 arguidos, entre eles o ex-presidente, António Marques e quatro outros membros da Comissão Executiva. Envolve verbas estatais e europeias de 18 milhões de euros. O super-juiz Carlos Alexandre determinou uma caução de 500 mil euros ao ex-presidente, e outras, de 10 a 60 mil, aos restantes dirigentes. Mas – diz fonte da AIMinho – nada foi encontrado que indiciasse corrupção, em proveito pessoal, dos visados.
Uma outra fonte ligada ao processo garantiu a O MINHO que a vida pessoal e as contas bancárias do empresário foram escrutinadas pela investigação, nada de irregular se tendo encontrado, quer em termos de dinheiro quer de bens móveis ou imóveis: “ficou provado que, tudo o que tem foi ganho enquanto administrador no grupo Espírito Santo e como empresário. Nem um tostão a mais foi encontrado, em Portugal ou no estangeiro”, disse.
O inquérito judicial – ainda sem acusação – arrancou em 2013 na sequência de uma denúncia anónima. Envolveu buscas da PJ a casa dos dirigentes e a instituiçoes e empresas ligadas à AIMinho. Entre elas, o IDITE-Minho, Instituto de Desenvolvimento Tecnológico do Minho, o IEMinho – Instituto Empresarial do Minho (de Vila Verde), o BIC-Minho (uma incubadora de empresas de Braga), e a ADRAVE- Associação de Desenvolvimento Regional do Ave (de Famalicão), entidade entretanto extinta.
Entre os 50 arguidos estão, ainda, formadores e formandos de cursos, gestores dos institutos e de empresas de consultadoria da região. São suspeitos de mau uso de fundos estatais e comunitários e de falsificação contabilística.
O “bolo” total, 18 a 19 milhões, integra verbas para ações de formação, para iniciativas de modernização de empresas e, também, para a criação de um «cluster» empresarial da construção civil na região, para captar obras no estrangeiro.
A mesma fonte assegurou que todas as ações financiadas foram executadas, tendo sido já devolvidos os dossiers levados pela PJ: “as pessoas e as empresas foram todas ouvidas. E nada consta no inquérito que prove o contrário”, disse.
Acrescenta que o ex-líder da AIMinho deu todas as explicações ao juiz, e que, “estranhamente”, este se desdobrou em perguntas sobre o antigo BES (Banco Espírito Santo) que nada tinham a ver com o assunto. “Isto é uma tentativa de assassinato de caráter”, alvitra.
Há dias, os credores da AIMinho, que deve 12 milhões de euros, votaram, no Tribunal de Famalicão a sua liquidação. O voto contra do Novo Banco, credor de cinco milhões, foi decisivo.
O ex-presidente da AIMinho, António Santos “não tem reservas” em dizer que António Marques não pegou nem num tostão. “É triste ver um homem sério, que deu 12 anos de trabalho, de borla, em prol do desenvolvimento regional, ver o seu bom nome denegrido, sem razão válida”, disse a O MINHO.
Recorde-se que, já em dificuldades de tesouraria, a AIMinho viu, em 2015, a Agência de Coesão suspender-lhe os pagamentos de projetos executados e o Ministério Público determinou, em 2018, como coação, a proibição de se candidatar a fundos comunitários em janeiro de 2018
A AIMinho tem edifícios em Braga e em Viana do Castelo, de 3,6 milhões de euros. E participações no Idite-Minho-Instituto de Desenvolvimento e Inovação Tecnológica, no IEMinho (Instituto Empresarial do Minho), e no BIC-Minho.
Investiu, também, com a Câmara de Monção, na construção de um parque empresarial em Monção, o MinhoPark, com 90 hectares.