A construção de uma passagem inferior pedonal na travessa do teatro, em Vila Praia de Âncora, Caminha, reclamada há vários anos, foi esta terça-feira iniciada num investimento de cerca de 500 mil euros, informou a câmara local.
Em comunicado, hoje divulgado, o município do distrito de Viana do Castelo adiantou que a construção da passagem inferior pedonal em Vila Praia de Âncora, com um prazo de oito meses, irá garantir “o atravessamento da linha em segurança entre a Rua 31 de Janeiro e a Avenida Doutor Ramos Pereira, junto à praia”.
“Os trabalhos iniciam-se com a vedação dos espaços, por questões de segurança e decorrerão durante o período diurno e noturno tendo em conta que a passagem de comboios não é interrompida. A obra, tecnicamente complexa, será efetuada no topo sul do apeadeiro de Âncora Praia e na zona da praia junto à Travessa do Teatro e ao parque de estacionamento situado em frente ao posto de turismo e a alguns estabelecimentos comerciais”, especifica a autarquia.
Segundo a câmara liderada pelo socialista Miguel Alves, “tem um valor aproximado de 500 mil euros e está incluída na empreitada de modernização da Linha do Minho, entre Viana do Castelo e Valença que foi consignada a 27 de julho de 2018 e está em curso desde essa data”.
Na nota, a Câmara Municipal de Caminha refere que a realização desta intervenção “obriga a gerir o tráfego automóvel nas imediações, através da supressão temporária de uma faixa de rodagem na Avenida Doutor Ramos Pereira numa extensão de 20 metros e a colocação de sinalização temporária”.
A realização dos trabalhos “criará também alguns incómodos de ruído, decorrendo em período diurno e noturno”.
“As obras de modernização da Linha do Minho decorrem há alguns meses no concelho de Caminha com a colocação de catenárias ao longo da travessia, a impermeabilização do túnel de Caminha, o rebaixamento de linha em alguns pontos delicados e uma difícil intervenção na ponte sobre o rio Coura”, especifica o documento.
Em 2017, o município assinou com a Infraestruturas de Portugal (IP) um protocolo de cooperação para a construção daquela passagem inferior pedonal.
O protocolo prevê que seja a empresa pública a assumir a realização do projeto e da empreitada, sempre em coordenação e colaboração com a Câmara, enquanto ao município, na fase de exploração, caberá a conservação e manutenção da passagem inferior pedonal”.
Em dezembro de 2016, a IP realizou “sondagens de prospeção, de caráter geológico geotécnico na zona da estação de Vila Praia de Âncora no âmbito do estudo da nova passagem pedonal”.
O encerramento daquele atravessamento da linha férrea, conhecido como “travessa do teatro”, foi decidido em 1986, num protocolo que envolveu a Câmara de Caminha e a CP. O encerramento ao trânsito automóvel aconteceu em 1988, mas a circulação pedonal manteve-se até 2009, ano em que a travessia foi totalmente fechada, com a construção de um muro que foi sendo destruído, de forma anónima e sistemática, ao longo dos anos.
Sempre que o muro é destruído, a população volta a utilizar a antiga travessia, em pleno centro da freguesia, que dá acesso à marginal e vários equipamentos ali existentes.
Apesar de existir uma outra passagem, a sensivelmente 140 metros de distância, em linha reta, a população alega que na prática esse desvio é de centenas de metros, sendo o atravessamento da linha necessário várias vezes ao dia.