Dois camiões com cerca de 25 toneladas de alimentos para animais, essencialmente feno, vão rumar desde Amares até Paredes de Coura e Lousã para ajudar os agricultores cujas explorações foram afetadas pelos incêndios, divulgou fonte municipal nesta quarta-feira.
Em comunicado, a Câmara de Amares refere que iniciativa surge na sequência de um repto lançado pela Junta de Freguesia de Carrazedo, concelho de Amares, em articulação com o Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos Veterinários, “ao qual atenderam alguns particulares e produtores do concelho”.
“Tinha cerca de 150 fardos de palha e ao aperceber-me que os fogos que ocorreram pelo país destruíram milhares de hectares de floresta e de terrenos de pasto, deixando os produtores sem meios para responder às necessidades básicas dos seus animais, decidi doá-los, dando o meu contributo para responder às emergências de alguns dos produtores que enfrentam este flagelo”, referiu o presidente da Junta de Carrazedo, João Soares.
Citado no comunicado, o autarca acrescenta que, posteriormente, aderiram à iniciativa mais habitantes de Carrazedo e de outras freguesias de Amares, como Rendufe, Dornelas e Seramil.
O Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos Veterinários tem feito “a ponte” entre os municípios de Amares, Lousã e Paredes de Coura, agilizando o processo de envio dos alimentos angariados.
O material vai seguir, entre quarta-feira e quinta-feira, para os bombeiros de Paredes de Coura e Lousão, que se encarregarão da respetiva distribuição.
A logística de carregamento e transporte do material, que inclui ainda milho, brinquedos e roupa, é assegurada pela Câmara de Amares e por uma empresa do concelho.
Iniciativa similar já tinha sido anunciada noutro concelho do Norte, o de Vila do Conde, onde agricultores mobilizados pela cooperativa setorial e pela associação local que os representam decidirem enviar toneladas de alimentação animal para áreas da região Centro mais afetadas pelos incêndios do dia 15.
Estão a enviar fenos, palhas, milho e rações para várias espécies de animais.
As centenas de incêndios que deflagraram no dia 15 de outubro, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram 45 mortos e cerca de 70 feridos, perto de uma dezena dos quais graves.
Os fogos obrigaram a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas, sobretudo nas regiões Norte e Centro.
Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos em Portugal, depois de Pedrógão Grande, em junho deste ano, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou, segundo a contabilização oficial, 64 mortos e mais de 250 feridos. Registou-se ainda a morte de uma mulher que foi atropelada quando fugia deste fogo.