ARTIGO DE OPINIÃO
João Ferreira Araújo
Advogado
Na atualidade, sempre que se verificam ondas de criminalidade, os imigrantes são os primeiros a ser acusados, independentemente da comprovação da sua culpabilidade.
Ora, em Portugal, e atendendo aos últimos anos, verifica-se que o aumento muito acentuado da imigração não se tem traduzido num agravamento das taxas de criminalidade.
Aliás, de diversos estudos desenvolvidos, constata-se que não só a imigração não traduz um aumento de criminalidade, mas até que, como tendência geral a propensão para a prática de crimes é menor entre imigrantes (sobretudo os da primeira geração e no que se refere à criminalidade violenta) do que entre os autóctones e apesar de aqueles terem menor grau de escolaridade e rendimentos do que estes.
Este facto tem uma explicação fácil de entender: quem imigra não o faz para praticar crimes, mas para trabalhar com particular afinco.
Pensem no caso português e reparem no nosso emigrante típico; grande capacidade de trabalho grande dedicação à família, que se sacrifica para, acima de tudo, proporcionar um futuro melhor aos seus filhos.
Ora neste modelo do emigrante português poderemos rever os imigrantes, porquanto também eles imigram à procura de um futuro melhor e não por outras razões.
Podemos afirmar com toda a clareza que o aumento de imigração não é acompanhado por um aumento da criminalidade cometida pelos imigrantes.
Apenas indiretamente pode a imigração levar a um aumento do crime e raras são as vezes em que este é cometido pelos próprios imigrantes. Face a estes dados objetivos e inquestionáveis só podemos compreender este contínuo e permanente ruído de que os imigrantes são a causa de todos os males e que há um problema no nosso país quanto à imigração, por uma agenda xenófoba e racista de certas forças políticas.
Disseminar a ideia de que a imigração é sinónimo de maior insegurança é perigoso e suscita um problema grave de perceção na opinião pública.
A realidade é que é mais fácil atribuirmos a culpa das dificuldades sentidas a um inimigo externo, estranho e desconhecido, que transformamos em bode expiatório para os nossos problemas de emprego, habitação e segurança pública, do que assumirmos os nossos erros.
Sucede que há mais de um milhão de imigrantes em Portugal e na sua grande maioria são pessoas cumpridoras e respeitadoras que só desejam uma oportunidade de terem uma vida melhor.
A persistência do mito que associa imigração a um aumento da criminalidade é um dos equívocos mais arreigadas em torno deste tema. Este receio, enraizado na psique coletiva e alimentado constantemente por certas forças politicas, vive da incerteza e do desconhecido, e é propagado muitas vezes como uma verdade inquestionável.
Precisamos de imigrantes para ajudarem a dinamizar a nossa economia.
Na realidade o país possui uma politica de imigração progressista e bem regulamentada.
Os imigrantes precisam de obter um visto de trabalho ou uma autorização de residência e cumprir requisitos rigorosos antes de entrar no país para morar e trabalhar.
Por conseguinte, a situação não está fora de controle, mas sim cuidadosamente monitorizada.
A sociedade portuguesa é multicultural e tem um histórico de tolerância e diversidade.
Os imigrantes em Portugal são bem vindos e são incentivados a contribuir positivamente para a sociedade portuguesa.
É importante lembrar que a imigração em Portugal é um direito humano, e que todo o ser humano deve receber um tratamento digno e respeitoso.
As autoridades devem tratar os imigrantes de forma justa e equitativa, a fim de garantir que tenham acesso aos mesmos direitos e oportunidades concedidas aos cidadãos portugueses. Isso é crucial para garantir a igualdade e a justiça social no país.
O desafio é acolher, proteger, promover e integrar, como tem realçado amiúde o Papa Francisco.