O Gil Vicente, que em maio viu o Tribunal de Lisboa dar-lhe razão no ‘Caso Mateus’, é o ‘corpo estranho’ na II Liga de futebol em 2016/17, depois de novamente adiado o regresso à I Liga.
Em agosto de 2006, o Gil Vicente foi despromovido administrativamente à II Liga, devido à utilização indevida do futebolista internacional angolano Mateus, que já tinha atuado com estatuto de amador, na época anterior, pelo Lixa.
Na altura, a Comissão Disciplinar (CD) da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) sancionou o clube minhoto com a descida de divisão, após uma queixa do Belenenses, que o Conselho de Justiça (CJ) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) ratificou.
O Gil Vicente recorreu, entretanto, destas decisões para os tribunais administrativos, alegando a nulidade das sanções aplicadas, algo que foi confirmado pela sentença do Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa, proferida a 25 de maio deste ano.
A 06 de junho, após notificada pelo tribunal, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) recomendou à LPFP que levasse “a cabo os atos necessários à integração” do Gil Vicente no principal campeonato, “no mais curto espaço de tempo possível”.
A formação de Barcelos esteve assim com um ‘pé’ na I Liga, depois de FPF e Liga terem acatado, inicialmente, a recomendação, mas o processo, entretanto, sofreu nova reviravolta.
A 15 de junho, no Porto, a Assembleia-Geral (AG) da Liga adiou, em votação apoiada por larga maioria dos clubes, a possibilidade de integração do Gil Vicente na I Liga e um eventual alargamento já para a temporada de 2016/17.
Na mesma altura, o Belenenses, como parte interessada no processo, dado que foi o clube do Restelo que o desencadeou em 2006, anuncia que irá recorrer da decisão do Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa, proferida a 25 de maio, e o ‘Caso Mateus’ voltou a marcar passo.
A direção do Gil Vicente lamentou o comportamento da LPFP e do Belenenses e, sem colocar em causa o arranque das competições para 2016/17, prometeu recorrer aos meios judiciais para responsabilizar os dirigentes que pretendem “dilatar de um modo ilegal e ilegítimo a execução da sentença”.
Além de retirada a proposta de reintegração do Gil Vicente na I Liga, caiu ainda da ordem de trabalhos da AG a alteração ao quadro competitivo e a hipótese de realização de uma ‘liguilha’ para decidir qual o clube que acompanhava a equipa de Barcelos no necessário ‘acerto’ no escalão principal.
O presidente demissionário da Académica (despromovida à II Liga), José Eduardo Simões, pretendia uma ‘liguilha’ a quatro para integrar o Gil Vicente na I Liga, pelo que a I Liga, caso a proposta fosse aprovada, seria disputada por 20 clubes nas épocas 2016/17 e 2017/18.
José Eduardo Simões defendia que os dois últimos classificados da I Liga jogassem com os terceiro e quarto da II Liga, isto é, que União da Madeira, Académica, Freamunde e Portimonense decidissem numa semana quem acompanharia o Gil Vicente.
A não concretização da reintegração do Gil Vicente frustrou as expetativas destas quatro equipas, que, por momentos, chegaram a sonhar com a possibilidade de permanecer (União da Madeira e Académica) ou ascender (Freamunde e Portimonense) ao principal escalão do futebol português.
A Académica assinala, pelas 11:15 de sábado, o seu regresso à II Liga, 14 anos após a última presença, jogando em casa do Olhanense, enquanto o também despromovido União terá a sua estreia na presente edição da prova na deslocação a Freamunde (17:00).
O Gil Vicente, qual ‘corpo estranho’ entre as 22 equipas da II Liga, inicia a competição em casa frente ao Varzim (18:00). A ronda inaugural da II Liga encerra no domingo com o encontro Desportivo das Aves-FC Porto B (17:00).
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