Igreja “leva muito a sério” casos de abuso e critica “generalizações injustas”

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Foto: O MINHO

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), José Ornelas, assegurou hoje que a Igreja “leva muito a sério cada caso de abuso” ocorrido no seu seio, “porque cada caso é uma pessoa que foi agredida na sua vida”.

Reconhecendo que os casos de abuso sexual na Igreja “têm impacto” no dia-a-dia da instituição, o também bispo de Leiria-Fátima manifestou-se convicto de que não é esta situação “que leva as pessoas a desistirem da Igreja”.

Falando no final da Assembleia Plenária da CEP, José Ornelas criticou as “generalizações injustas” feitas a propósito dos casos de abuso sexual de menores por parte de membros da Igreja, um ponto que também ficou expresso no comunicado final do encontro que decorreu desde segunda-feira em Fátima.

O prelado, sublinhando que “a luta contra os abusos” é algo que a Igreja “está a fazer seriamente”, convidou mesmo a que se vejam as estatísticas da Polícia Judiciária, para obter informações sobre “quantos casos surgiram de abusos [este ano] e quantos surgiram na Igreja”.

Deixando, mais uma vez, um pedido de perdão às vítimas, José Ornelas defendeu que “terá de haver publicamente um pedido solene e perdão”, mas ainda não está decidida a forma como será feito.

A Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica em Portugal, acompanhada do Grupo de Investigação Histórica, este presente nos trabalhos da Assembleia Plenária do episcopado para fazer o ponto da situação do processo de estudo, cujo relatório será divulgado no próximo dia 31 de janeiro.

“Ao mesmo tempo que agradece o dedicado e competente trabalho da Comissão Independente, a Assembleia reafirma a profunda gratidão e o pedido de perdão às vítimas que, na dureza da sua dor, têm dado o seu testemunho ou depoimento, e manifesta o propósito de garantir a tolerância zero quanto aos abusos sexuais de menores e pessoas vulneráveis na Igreja, grave realidade que contradiz a sua identidade a missão”, refere o comunicado final dos trabalhos, lido pelo secretário da CEP, padre Manuel Barbosa.

Os bispos reconhecem que “tem sido um tempo penoso para todos, mas acreditam também que tem sido um tempo de purificação, na busca da justiça e da verdade, identificando situações dolorosas sem generalizar indevidamente nem acusar indiscriminadamente”.

“A Assembleia exprime o seu profundo apreço para com os sacerdotes nestes tempos em que generalizações injustas e não verdadeiras colocam na sombra vidas inteiras dedicadas ao serviço das comunidades cristãs e da sociedade, particularmente das pessoas mais fragilizadas. Os casos de abusos detetados são claramente lamentáveis e objeto de grande preocupação, justificando os esforços em curso para erradicá-los da vida da Igreja, mas tal não invalida o precioso serviço que os sacerdotes, consagrados e leigos prestam à vida da Igreja e da sociedade, em Portugal e em todo o mundo, que merecem toda a nossa gratidão e apoio”, acrescenta o documento.

A Comissão Independente, liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, que começou a recolher testemunhos de casos de abuso no seio da Igreja em janeiro deste ano, entregará o seu relatório em 31 de janeiro.

Até outubro, a comissão tinha validado mais de 400 casos, alguns dos quais remeteu para o Ministério Público.

 
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