Hugo Pires é o candidato: a Comissão Política da secção de Braga do PS aceitou, ainda que sem votar o nome, a escolha feita pela direção nacional dos socialistas do nome do deputado Hugo Pires como candidato à Câmara de Braga. Mas este órgão votou, segunda-feira à noite, por maioria, um documento onde se diz que o Secretariado Nacional fez a escolha à revelia dos órgãos locais, “em violação dos estatutos”.
A escolha foi feita com base num estudo de opinião que colocava Hugo Pires como o nome preferido dos bracarenses.
Fontes do partido disseram a O MINHO que a moção teve 33 votos a favor, 17 contra e nove abstenções. Contactado, a propósito, o líder concelhio e vereador na Câmara Artur Feio não se quis pronunciar. Uma outra fonte adiantou que o texto lamenta a interferência da Nacional no processo, lembrando que a competência é do órgão local, embora quer a Distrital quer o Secretariado pudessem avocá-lo. “É uma clara derrota de Hugo Pires, que pediu para que o documento não fosse votado”, defende.
Contactado a propósito, Hugo Pires disse que não comenta a questão, adiantando que começa a trabalhar já na próxima semana, com a colocação de um primeiro cartaz de rua: “Vou entrar na primeira fase da pré-campanha, a que chamei ‘saber ouvir’ e que passa pela auscultação das freguesias, associações, empresas, escolas, universidades e contacto com as pessoas na rua”.
Pires diz que espera poder unir o partido em torno do seu programa, e reitera que convidou Artur Feio para a integrar a lista para a vereação. Artur Feio não se pronuncia sobre o convite.
Duas sondagens
A opção por Hugo Pires, comunicada por escrito pelo Secretariado Nacional, segue-se a um inquérito de opinião feito em Braga por encomenda da Direção nacional socialista – que não assumiu a foram de sondagem legal – na qual a maioria dos inquiridos disse que Pires era o mais conhecido e o preferido como cabeça de lista dos socialistas.
O modo com o inquérito foi interpretado é posto em causa por Artur Feio e pelos seus apoiantes.
De seguida, foi feita uma segunda sondagem que deu, de novo, Hugo Pires à frente de Artur Feio, ainda que por uma diferença de um ponte percentual.
Esta sondagem, feita pela empresa espanhola Temosnet Consulting Group, tida como “credível”, envolveu 800 pessoas e foi feita em fevereiro.
Foi encomendada por um grupo de militantes bracarenses do PS que entenderam que a anterior, um inquérito feito pela direção nacional do PS sobre as preferências dos bracarenses pecava por falta de clareza.
Esse estudo apontava como candidato à Câmara nas próximas eleições autárquicas o nome do atual deputado no Parlamento e ex-vereador, Hugo Pires.
Envolveu ainda o nome de Artur Feio (atual vereador e presidente da Secção Concelhia) que ficou em terceiro, atrás da também deputada e ex-vereadora Palmira Maciel. Em quarto lugar ficou a atual vereadora Liliana Pereira.
Artur Feio: homem de ‘futuro’
A empresa que fez esta última sondagem, produziu umas ‘conclusões’ nas quais escreve que, “se o objetivo do PS for o de consolidar os votos que tem, o candidato deverá ser Pires, mas se o objetivo for conseguir reforçar com votantes de outros partidos, então o candidato deverá ser Feio”.
E explica: “Pires só vence Feio como preferido dos atuais votantes socialistas, mas Feio ganha na preferência de todos aqueles que votaram noutros partidos. Os que se identificam com o PS, mas que votaram noutros partidos são mais propensos a regressar com Feio do que com Pires”.
E, prosseguindo, afirma: “enquanto, quantitativamente falando, a preferência de voto em Pires seja ligeiramente superior, por efeito das diferenças de notoriedade, qualitativamente, o seu voto está muito concentrado na votação atual do PS, mas a sua capacidade de penetrabilidade noutros sectores de votação é muito menor que a de Feio”.
A Temosnet salienta, ainda, que, não há uma grande diferença entre os candidatos que o PS pode apresentar, em termos de nível de conhecimento (notoriedade), mas sim em termos de valorização. A militante mais conhecida, Palmira Maciel, “é também a mais valorizada, embora os seus níveis de valorização sejam suportados pelos maiores de 65 anos. O segundo mais conhecido é Hugo Pires, mas é também o pior valorizado, não só da amostra, mas também de todos os políticos submetidos à pesquisa. O terceiro valorizado, Feio, tem um pouco menos de notoriedade, mas é mais valorizado pelos sectores mais jovens e pelos votantes do “Juntos”. No que toca à intenção de voto, enquanto a capacidade de atração de voto da Palmira é significativamente reduzida, no que respeita à sua valorização, as de Pires e Feio são muito semelhantes, com menos de um ponto de diferença entre eles.