Hélder Trigo, diretor clínico do Hospital Senhora da Oliveira (HSOG), em Guimarães, em declarações a O MINHO, nega que exista uma situação emergente naquele hospital que leve a transferência de 26 doentes na segunda-feira. Aquele responsável rejeita a informação adiantada pela Santa Casa da Misericórdia de Riba de Ave sobre a transferência de doentes.
Segundo o diretor clínico do HSOG, a hospital tem um protocolo com a Santa Casa da Misericórdia de Riba de Ave, entre outros, com hospitais privados e outras Misericórdias. Tal como a Administração Regional de Saúde do Norte também tem acordos com diversas entidades que alargam a capacidade de internamento do Sistema Nacional de Saúde (SNS).
“Esta capacidade é utilizada na medida em que as circunstâncias de cada momento o exigem. No HSOG é o doutor Pedro Cunha que está a gerir esse processo. Não é segredo nenhum que temos estado a transferir doentes para outras unidades”, explica Hélder Trigo.
“Nesta altura do ano temos muitas infeções respiratórias, ou patologias crónicas que são agravadas pelo frio, a isso temos de somar os doentes covid, que, como todos sabemos, se agravou nas últimas semanas. A situação parece, agora, estar a melhorar um pouco”, acrescenta o diretor clínico. Hélder trigo admite até que a incidência da gripe sazonal, este ano, baixou.
“Isso pode ficar a dever-se a vários factores: o uso de máscara que não protege só da covid, o recato das pessoas que reduziu os contactos sociais, ter havido um maior número de pessoas vacinadas e um menor número de pessoas a recorrer aos hospitais por simples gripes”, disse.
Como Hélder Trigo explicou a O MINHO, a capacidade do HSOG não foi aumentada, “houve uma reorganização”. “O Hospital de Guimarães tinha 500 camas e continua a ter as mesmas 500 camas. O que aconteceu é que paramos com a cirurgia e as camas que eram usadas nesta área foram alocadas à área médica. Mas, claro que se além do que já era habitual nesta época do ano, em que os hospitais estavam a abarrotar, agora temos mais 200 doentes covid-19, temos de encontrar soluções”, reconhece o diretor clínico do HSOG.
As soluções têm passado por aliviar o internamento do hospital de doentes menos graves e de casos sociais. É o que se passa com os utentes transferidos para a Estrutura de Retaguarda instalada no Seminário do Verbo Divino, em Guimarães. Ali estão alguns casos de pessoas já com alta médica, mas que não têm uma estrutura familiar de apoio, “porque vivem sozinhas, ou porque a pessoa com quem vivem já tem muita idade e não é capaz de dar o apoio necessário”. Na mesma instalação estão outros utentes, esses sem alta hospitalar, “estão em hospitalização domiciliária, recebem a visitam do médico e do enfermeiro, fazem ali o seu tratamento”.
A hospitalização domiciliária não é novidade para o HSOG, que foi pioneiro nesta matéria, agora tratou-se de alargar o procedimento. “A capacidade do hospital é harmónica, depende das altas que são dadas e do número de doentes que nos vão chegando”, diz a propósito dos 26 doentes que se anunciou que seriam transferidos para Riba de Ave.
“Ninguém sabe, hoje, quantos doentes vão ser transferidos na segunda-feira, ou se vão ser transferidos alguns. E se hoje chegarem muitos novos doentes à urgência? Ou, se na segunda-feira forem dadas várias altas?”, questionou.
Nos piores momentos já houve mais de 200 doentes internados em Guimarães
O Hospital de Guimarães preserva ainda alguma capacidade de resposta e as transferências, nesta altura, prendem-se com a manutenção desta capacidade. Os piores dias da pandemia, até ao momento, em Guimarães, viveram-se na última quinzena de novembro do ano passado.
“Nessa altura tivemos mais de 200 doentes covid internados, nesta altura temos um pouco mais de 130”, afirma Hélder Trigo. Em cuidados intensivos o HSOG tem atualmente 12 doentes internados, para uma capacidade total de 17 camas.
O diretor clínico diz que “é uma situação melhor”, mas vai deixando o aviso que não se pode facilitar. “Até porque, entre estes 130, muitos são idosos com outras patologias, que podem piorar”. Hélder Trigo chama ainda a atenção para um grupo de oito doentes (este número vai variando) que se encontram numa zona intermédia de cuidados. “Não estão entubados, mas precisam de ventilação não evasiva, estes doentes podem, a qualquer momento, cair para qualquer um dos lados”, alerta o diretor clínico do Hospital de Guimarães.
Hélder Trigo, embora não tenha números, reconhece, pela sua sensibilidade que a média etária dos doentes nesta vaga desceu. “A média de idades em cuidados intensivos já não é oitentas, talvez ande nos sessentas e tais”, afirma.
De acordo com a última atualização, no fim de janeiro, havia 2.330 casos ativos e 2.651 cidadãos em isolamento, no concelho de Guimarães. Desde o início da pandemia, a covid-19 já fez 205 vítimas mortais no concelho de Guimarães.