O projeto Parkinsound, desenvolvido por médicos do serviço de neurologia do Hospital de Braga, foi distinguido com o prémio de melhor trabalho de investigação clínica no Congresso Nacional de Doenças do Movimento.
Em comunicado, o Hospital de Braga explica que o estudo permitiu avaliar se a integração de doentes de Parkinson numa orquestra comunitária contribuiu para a melhoria dos sintomas e comportamentos.
O Parkinsound, que contou com o apoio da Câmara de Braga, surgiu de uma iniciativa da neurologista Margarida Rodrigues e do músico Pedro Santos e, além da investigação clínica, favoreceu a integração cultural e social de pessoas com doença de Parkinson.
A doença de Parkinson é uma disfunção neurológica causada pela quebra de produção de células que produzem a dopamina, afetando os movimentos corporais e conduzindo a tremores, rigidez, instabilidade na postura e a alterações na marcha.
No dia 11 de abril – amanhã – assinala-se o Dia Mundial do Doente de Parkinson.
“A distinção com o prémio de investigação deixa-nos muito orgulhosos, confirmando a capacidade do Hospital de Braga e dos seus profissionais continuarem a prestar serviços de excelência e a desenvolverem projetos de elevado impacto positivo nos doentes”, realça João Porfírio Oliveira, presidente do Conselho de Administração do Hospital de Braga, citado no comunicado.
Os resultados da investigação do projeto Parkinsound sugerem que a participação na orquestra comunitária apresenta vantagens para os doentes de Parkinson que integraram o projeto piloto. “Foram aplicadas diferentes escalas de avaliação clínica da doença de Parkinson antes e depois da intervenção. Verificou-se que o grupo da orquestra teve uma melhoria significativa na escala de impressão clínica de melhoria em comparação com o grupo controlo”, sustenta a neurologista Margarida Rodrigues.
Perante os resultados obtidos, o Serviço de Neurologia do Hospital de Braga pretende alargar o projeto a mais doentes e prolongar o tempo da intervenção o que, segundo a neurologista Margarida Rodrigues, “permitirá verificar se os benefícios podem ser ainda mais robustos”.
Um grupo de 22 doentes participou no Parkinsound, iniciativa que incluiu 15 ensaios e um concerto final, enquanto outro grupo de 21 doentes serviu de grupo de controlo. Os participantes na orquestra integraram diferentes categorias (percussão, vozes, eletrónica, teclas e sopros), tendo sido criadas várias músicas originais com o contributo dos doentes.
“A intervenção integrou processos motores (tocar instrumentos) e cognitivos (seguir pistas auditivas, visuais, ritmos e ainda colaborar na criação do espetáculo)”, explica a neurologista do Hospital de Braga, recordando que o concerto final do projeto “foi um momento muito emocionante para doentes e para as suas famílias, que puderam, com a ajuda de músicos, criar um espetáculo original, sobre a sua experiência com a doença de Parkinson”.