O Tribunal de Braga vai julgar, no final de abril, um homem de 66 anos, que, em julho de 2024, terá tentado matar, à facada, um outro, seu colega de quarto, numa casa da empresa municipal BragaHabit, uma residência partilhada na Rua da Cónega.
A acusação do Ministério Público diz que o arguido Augusto da S., natural de Guimarães mas residente em Braga, e o ofendido, Manuel S., passaram, a partir de fevereiro desse ano, a residir na Casa do Encontro, da BragaHabit, e partilhando um quarto, no 3.º piso, com uma pequena cozinha e uma casa de banho privativa. E até se tornaram amigos.
Só que – anota o magistrado – a partir de junho, Augusto começou a ingerir bebidas alcoólicas em demasia, causando, por isso, conflitos com o colega de quarto e outros residentes.
No dia 30 de julho, pelas 18:30, na cozinha central do prédio, os dois desentenderam-se, já que o arguido acusava outros de lhe terem bebido as suas cervejas.
Face à discussão – prossegue a acusação – e para não agravar a situação, nessa noite, Manuel foi dormir para outro quarto da mesma casa. Só que, nessa noite, já o arguido retirara do quarto as coisas da vítima – lençóis, cobertores, uma mochila, embalagens, uma televisão e uma antena, e atirara-as para a rua.
“Vou-te matar”
Apesar disso, pelas 07:00 do dia 31, Manuel entrou no quarto tendo o outro dito, de imediato: “Vou-te matar”.
Face a esta ameaça, respondeu apenas: “Tem calma. Venho apenas buscar umas coisas e roupa”. E seguiu para a pequena cozinha para ir tomar um café. Aí, o alegado agressor voltou a invetivá-lo, dizendo, “Vou-te matar, seu filho da p*ta”. E encostou-se às costas dele.
Aí, Manuel fugiu para o quarto, mas perseguido pelo outro com uma faca de cozinha, com uma lâmina de 12 centímetros de comprimento e 2,5 de largura. Acabou por ser por ele agarrado e esfaqueado no pescoço, ficando a sangrar abundantemente, devido a uma hemorragia.
Não obstante estar ferido, conseguiu escapar até à sala principal da casa, tendo-se os dois embrulhado fisicamente e caído ao chão.
A seguir, Manuel conseguiu libertar-se e fugir, tendo um dos utentes chamado o INEM que transportou o ferido ao Hospital onde se constatou que tinha uma ferida de três centímetros no pescoço, suturada com cinco pontos, e várias equimoses por todo o corpo.
Está acusado de homicídio qualificado na forma tentada posto que o Ministério Público considera que teve intenção de matar o colega de quarto. O caso foi investigado pela Polícia Judiciária de Braga.