Gostava de ver os palhaços e, por iniciativa própria, começou na arte aos 15 anos. Correu o mundo e, desde há dois anos, faz de homem-estátua diariamente na Praça da República, em pleno centro de Viana do Castelo. Filipe Nascimento, de 53 anos, permanecerá pela capital do Alto Minho no verão e, depois, conta voltar a percorrer os países em que trabalhou no início da carreira.
“Corro o mundo. Agora parei cá há dois anos”, conta o homem-estátua, natural de Armamar, distrito de Viseu, e a residir em Vila Praia de Âncora, concelho de Caminha. “Este verão vou ficar cá, depois logo se vê”, adianta, dando conta da “ideia de correr os países que [fez] quando era mais novo”. Países europeus, mas também Marrocos, que o encantou quando por lá passou.
Começou nas artes de rua aos 15 anos. Gostava de palhaços e por aí começou. Depois passou a fazer de Charlie Chaplin e homem-estátua. Sem ligações circenses, foi autodidata. “Aprendi por mim próprio”. Aos 18 anos lançava-se ao mundo: “Espanha, França, Itália, Suíça, Alemanha, foi para onde viajei mais”.
“Viajar pelo mundo é bom, uma pessoa ganha cultura, faz boas amizades, conhece outros países e pessoas. É muito bom”, realça.
“Queriam assaltar-me e eu defendia-me”
Pelas ruas desse mundo fora, encontrou de tudo. Do bom e do mau. “Lida-se com muita gente, há de tudo, gente boa, gente ruim, às vezes metem-se comigo”, afirma Filipe Nascimento, lembrando que, por “mais do que uma vez”, já partiu “uma bengala nas costas de um”. “Metiam-se comigo, queriam assaltar-me e eu defendia-me”, justifica.
Carro conduzido por idosa entra descontrolado em praça no centro de Viana
Na altura, contou a O MINHO: “Não me apanhou por sorte. Foi mesmo ao meu lado. Se não me desviasse, ficava debaixo do carro”. Hoje recorda que “foi um susto enorme” como “nunca tinha tido na vida”.
O susto valeu-lhe, contudo, tornar-se viral nas redes sociais, através de uma reportagem da CMTV que o entrevistou. Perante o insólito, o vídeo acabou sendo partilhado amiúde.
As pessoas do Alto Minho “são muito humildes e simpáticas”
Filipe Nascimento está de segunda a sexta-feira em Viana do Castelo, ao sábado vai para a feira de Cerveira e aos domingos para Ponte de Lima ou fica por Vila Praia de Âncora. Do Alto Minho tem uma “muito boa” impressão: “Gosto muito disto. Gosta das pessoas, são muito humildes e simpáticas”.
Tanto faz de homem-estátua, vestido de prata, Charlie Chaplin ou Zorro, como de palhaço, a oferecer balões às crianças. Como homem-estátua, no início “não mexia”, mas depois começou a mexer quando lhe deixavam uma moeda, “porque as pessoas acham mais piada, assustam-se”.
No Dia da Criança volta a oferecer balões
Com a pandemia, já há dois anos e meio que não faz balões para crianças: “Já tenho saudades”. Vai voltar a fazê-lo na próxima quarta-feira, Dia Mundial da Criança. E deixa o convite a todos os pais e escolas que queiram levar as crianças à Praça da República.
Agora, já sem restrições por causa da covid-19, espera um bom verão. “Vamos levar isto para a frente, acho que vai ser melhor”, antecipa Filipe Nascimento, agradecendo “às pessoas, ao presidente da Câmara, a toda a gente que [o] tem apoiado”.
E a gratidão vai, em jeito de convite, para além das gentes locais: “As pessoas de fora são bem vindas a Viana do Castelo. No Alto Minho temos sítios muito bonitos”.