A livraria Centésima Página, ao abrigo da lei que assegura o serviço de take-away da cafetaria e do serviço de papelaria, apercebeu-se que podia reabrir as portas e voltar a vender livros. Esta semana, aquela loja clássica na Avenida Central decidiu realizar a experiência.
O confinamento vivido em Portugal, desde janeiro, obrigou as livrarias a encerrar portas, apesar de permitir, numa fase inicial, a venda de livros ao postigo. Essa solução foi sucessivamente proibida, assim como a venda de livros nas grandes superfícies.
Em fevereiro, após o confinamento geral dos livros, o governo legislou um decreto-lei, que permitiu às superfícies comerciais, já abertas para a venda de outros produtos, a comercialização de livros. O decreto-lei referia-se a hipermercados, ou a grandes cadeias tecnológicas e culturais, como a FNAC.
“A Centésima Página vende outros produtos, que não são exclusivamente livros. Vendemos jornais e revistas literárias/culturais, vendemos produtos da cafeteria, em regime takeaway, e vendemos serviços de papelaria. Nesses moldes, enquadramo-nos no decreto-lei e podemos, também, vender livros”, comenta, a proprietária da livraria, Helena Veloso.
A abertura da livraria, com 20 anos de existência, é, no entanto, cautelosa. “Preferimos evitar que as pessoas venham passear para a livraria e estamos a trabalhar em horários reduzidos. O ideal é dizerem-nos à entrada o que procuram e nós vamos buscar”, afirma a proprietária a O MINHO.
Mercado livreiro: Fustigado, mas com ganhos a contracorrente
Apesar das quebras de faturação na ordem dos 30%, Helena Veloso sublinha a afluência por parte do público, nos meses que o comércio trabalhou, com poucas, ou nenhumas restrições: “As pessoas procuram aproveitar a rua e evitam idas a grandes superfícies. O tempo despendido em casa e a saturação provocada pelos ecrãs, levou o público a encontrar espaço e tempo, para o livro e para a leitura”.
A livraria sentiu um acréscimo de leitores, em idade jovem, provocado por uma tendência “retro”, e muitos são os pais, que online, e agora, presencialmente, visitam o estabelecimento, para comprar livros, como tentativa de afastar os filhos do mundo digital, através da leitura.