Com a entrada em vigor da diretiva europeia que obriga os municípios à recolha seletiva de resíduos têxteis, agendada para janeiro, as empresas de reciclagem antecipam dificuldades de resposta, preocupadas com o aumento da ‘fast fashion’.
A partir de 01 de janeiro, os municípios têm de assegurar um sistema de recolha seletiva e reciclagem/reutilização de resíduos têxteis, um cenário que, não sendo novo para uma parte deles, promete, segundo as empresas contactadas pela Lusa, exigir o aumento da capacidade de resposta.
No mercado desde 1952, a Sasia – Reciclagem de Fibras Têxteis trabalha diretamente com empresas do setor na área do pré-consumo, reciclando mensalmente cerca de 2.000 toneladas de material, revelou à Lusa o administrador Miguel Silva.
“Temos a maquinaria de última geração. Estamos relativamente preparados para aumentar a quantidade que resulte da aplicação da norma de 2025, pois vai aparecer no mercado um grande volume de material de pós-consumo, mas não será logo no início”, advertiu o responsável da empresa sediada em Ribeirão, Famalicão.
A entrada dos municípios na equação, segundo Miguel Silva, num primeiro momento não implicará nada na atividade normal da empresa, pois caberá às autarquias fazer a seleção dos produtos para reciclar, pelo que a Sasia só intervirá num segundo momento, o da reciclagem.
Afirmando-se convicto de que a ‘fast fashion’ vai continuar “porque as empresas querem fabricar para elas e desde que tenham mercado não vão parar”, o administrador admite que o futuro possa passar “por fabricar materiais mais sustentáveis, amigos do ambiente, e incorporar as fibras recicladas nesses produtos, que é o que o cliente final pede e exige e que as marcas podem incorporar”.
Com o propósito de atalhar esse caminho de sustentabilidade, a empresa está envolvida em “muitos projetos da economia circular”.
“Estamos a participar em projetos internacionais para estudar novas aplicações para esses resíduos pós-consumo que vão surgir no mercado em quantidade. A fase seguinte será escalar a quantidade que vai aparecer no mercado e a sua função”, disse.
Dos projetos em desenvolvimento, revelou estarem a ser estudadas “aplicações para a construção, de isolamento para a parte acústica, e para a indústria automóvel”. Trata-se, indicou, de “duas aplicações que podem consumir grandes quantidades” de material têxtil reciclado.