Está a ser avistada no rio Cávado, em Barcelos, uma nova espécie exótica com potencial invasor. Trata-se de uma colónia de organismos que se assemelha a uma massa gelatinosa. Chama-se Bryozoan Pectinatella magnifica e é oriunda da América do Norte. Como cá chegou? “É um mistério”, afirma a bióloga Joana Soto.
Um leitor enviou a O MINHO fotografias e um vídeo desta espécie na freguesia da Pousa, em Barcelos. Entretanto, um outro enviou imagens da mesma espécie nas lagoas de Caíde. Segundo a especialista consultada pelo nosso jornal, a primeira vez que esta colónia de organismos foi detetada no rio Cávado foi em 2012 pela Universidade do Minho. Também foram vistas em 2021 na ilha do Ermal, em Vieira do Minho. Mas em Barcelos será mesmo a primeira vez.
“É uma espécie exótica e que no seu habitat natural (América do Norte) mostrou comportamento invasor. Em Portugal ainda não podemos afirmar que a espécie é invasora, porque não temos dados suficientes sobre a sua distribuição”, explica Joana Soto, bióloga responsável pelo projeto BiodiverCidade, iniciado em 2017 pela associação Amigos da Montanha.
Há pouca informação sobre esta espécie
Os impactos que a Bryozoan Pectinatella magnifica pode ter, segundo o que há publicado sobre a espécie, serão a nível de infraestruturas, nomeadamente entupir canalizações para a captação de água.
“Como todos os briozoários, há muito pouco informação acerca desta espécie”, observa Joana Soto, desenvolvendo: “Está cá há pouco tempo e, como aparece sempre em pouca quantidade, ainda não conseguimos medir o real impacto que possa vir a ter”.
Ou seja, para já, “é muito cedo” para avaliar o possível impacto desta espécie exótica, “porque na Europa ainda não temos muitos registos”, sendo o que mais importante, “para já, é monitorizar e comunicar”.
A bióloga apela a quem aviste esta espécie (e outras) que o comunique através da aplicação Inaturalist (aqui). “Ao partilharem essa informação, estarão a dar mais dados para sabermos a sua distribuição ao longo do rio Cávado”, aponta.
Em relação a perigo para os humanos, não há qualquer indicação nesse sentido.
Esta espécie exótica junta-se a outras invasoras já conhecidas do Cávado como os jacintos-de-água, pinheirinha-de-água e sanguinária-do-japão. Joana Soto alerta: “Temos que começar a olhar para o rio Cávado e com outros olhos, senão vamos perdê-lo para as exóticas invasoras”.
BiodiverCidade
Joana Soto é a bióloga responsável do projeto BiodiverCidade, iniciado em 2017 pelos Amigos da Montanha, associação desportiva e ambiental sediada em Barcelinhos: “O nosso objetivo é trazer a biodiversidade, os animais e as plantas, para a cidade. Não só para mostrar a toda a população como forma de sensibilização e educação ambiental, mas também porque uma cidade com mais biodiversidade vai ser uma cidade mais equilibrada e resiliente às alterações climáticas”.