Marcelo Rebelo de Sousa esteve esta quinta-feira em Guimarães para receber a distinção que lhe foi atribuída pela Assembleia Municipal, em 2019. O Presidente da República abriu uma exceção na regra de não aceitar condecorações municipais para receber a Medalha de Honra do Município Guimarães, “não como cidadão, mas como Presidente da República e Chefe de Estado, em nome de todos os portugueses”.
Nem as limitações sanitárias travam o Chefe de Estado quando se trata de conviver com a população e na chegada ao Paço dos Duques de Bragança, às 12:00, não foi diferente. Com algumas limitações (não houve beijos), o primeiro momento foi popular.
Seguindo o protocolo, Marcelo Rebelo de Sousa, acompanhado pelo presidente da Câmara, Domingos Bragança, prestou homenagem à figura do primeiro rei de Portugal, na estátua de D. Afonso Henriques. Antes entrar no Paço do Duques, Marcelo foi presenteado com uma réplica da espada de D. Afonso Henriques, pela Grã-Ordem Afonsina. A espada foi consagrada na missa, durante a manhã, na igreja da Oliveira e trazida pelos elementos da associação, em cortejo, até ao Paço dos Duques.
Da estátua do primeiro rei ao Paço dos Duques – residência oficial do Presidente quando está no Norte – são 20 metros, espaço para outras tantas selfies. Não há protocolo que segure este Presidente. A receber o Marcelo estavam os Jovens Cantores de Guimarães. Cantaram para o Presidente e, em agradecimento, receberam um abraço uma a uma.
A abrir a cerimónia evocativa da Batalha de São Mamede, que aconteceu 24 de junho de 1128, no salão nobre do Paço dos Duques de Bragança, ouviu-se o Hino de Portugal, interpretado pela soprano Sandra Azevedo, acompanhada pelo Quarteto de Cordas de Guimarães.
Os homenageados do 24 de junho de 2021, foram a Rede Social de Guimarães, com a Medalha Municipal de Mérito Social, a Escola, com a Medalha Municipal de Mérito Educacional e Marcelo Rebelo de Sousa, com a Medalha de
Honra do Município de Guimarães.
O Governo esteve representado na cerimónia pela secretária de Estado adjunta do Património Cultural.
Domingos Bragança regressou às palavras de José Mattoso, “primeira tarde portuguesa”, para falar do 24 de junho.
“Foi a vitória de D. Afonso Henriques que deu início a uma jornada que não mais seria travada para a fundação do país que é hoje Portugal”, afirmou o presidente da Câmara. “Queremos que seja celebrado como Dia Um de Portugal – por Portugal”, lançou Domingos Bragança, no seu discurso.
O presidente da Câmara de Guimarães justifica a distinção que o Município confere a Marcelo Rebelo de Sousa pela “sua atenção com o sofrimento e a injustiça, o seu sentido de solidariedade, a forma como dirige os seus afetos, sejam eles de reconhecimento do mérito individual ou coletivo, sejam eles como palavra de conforto e reivindicação de uma atenção que se exige perante a adversidade”.
Para Marcelo Rebelo de Sousa o processo de formação de Portugal culmina com o reconhecimento papal
Para Marcelo Rebelo de Sousa, a pátria sobreviveu porque “é uma língua, uma cultura, um património, uma comunidade, uma solidariedade que se renova e se constrói à medida dos séculos”. O Presidente deu relevo à vocação universal dos portugueses, lembrando que há Portugal por todo o território físico, “mas também no espiritual”. Lembrou as comunidades de portugueses espalhadas pelo mundo e sublinhou a reeleição de António Guterres como secretário-geral das Nações Unidas, o primeiro português, mas também o primeiro cidadão da Comunidade de Países de Língua Portuguesa a chegar a este cargo, sublinhou o Presidente. “É a nossa universalidade, é a nossa projeção no mundo que começou em Guimarães”, reconheceu Marcelo.
“Esse momento fundador é o primeiro de muitos momentos, é o momento que mostra que há causas que ultrapassam as relações familiares… são causa cimeiras e essa causas levam à afirmação das nações. Foi um processo lento, foi um processo longo, foi um processo que em rigor terminou no reconhecimento papal da independência da nossa pátria”, pondera o Presidente da República, porventura deixando um amargo de boca aqueles que defendem que o 24 de junho devia ser reconhecido como Dia de Portugal.