Guimarães está a apostar no estudo de projeto que visa melhorar a mobilidade da cidade através do sistema de teleféricos. Prova disso, foi a presença, na passada quarta-feira, de César Dockweiler Suárez, CEO da empresa estatal “Mi Teleférico”, de La Paz-El Alto, na Bolívia, que veio falar da experiência desse meio de transporte como alternativa para a mobilidade urbana.
Na apresentação que realizou, César Dockweiler Suárez elencou as principais vantagens do sistema, no entanto, o especialista fez notar que não há nenhum sistema de transporte perfeito e que deverá ser feito um estudo profundo das necessidades e da tipologia dos locais a servir, para que possa ser escolhido o melhor método de transporte. Para César Dockweiler Suárez, o mais normal é a adoção de sistemas intermodais, integrando o metro, BRT, comboios e teleférico.
Em termos de características, foram apontadas quatro de forma direta: melhoria da qualidade de vida, respeito pelo ambiente, adaptação à cidade, boa opção para os governos.
Foi destacado “o alto grau de flexibilidade, o caráter massivo do transporte (5.000 passageiros/hora/sentido), o tempo de deslocação, a taxa de acidentes zero, a disponibilidade imediata (as cabines estão em permanente movimento), a energia limpa e renovável, a eficiência energética e a vida útil do sistema (40 anos).
Domingos Bragança, presidente da Câmara de Guimarães, explicou que, face às limitações do centro histórico (não poder, por exemplo, alargar ruas), uma rede de teleféricos elétricos por “constituir uma boa solução para a mobilidade urbana”, servindo “o perímetro citadino, ou mesmo ligar a cidade até outros pontos mais exteriores”, disse.
O autarca antevê um investimento avultado para concretizar este tipo de projeto, mas salientou a possibilidade que Guimarães tem de se candidatar a fundos europeus com vista à neutralidade climática, e que poderão ser fundamentais, juntamente com o PRR e com o Quadro Comunitário 2030.
Outra das personalidades a marcar presença foi Álvaro Costa, professor da Universidade do Porto responsável por um estudo que visa apresentar soluções de mobilidade para Guimarães. Este deu alguns exemplos de cidades que são exemplares na implementação de soluções de mobilidade disruptivas e/ou inovadoras, como os casos do Porto com o seu metro de superfície, Pontevedra com a aposta na pedonalização da cidade, Bogotá com o sistema de BRT e La Paz com a maior rede de teleférico urbano do mundo.
Para Álvaro Costa, Guimarães tem potencial para “usar o teleférico como parte da solução de mobilidade, uma vez que o sistema tem várias vantagens em comparação com outros sistemas”.
No final da sesssão, Domingos Bragança reiterou: “Vale a pena, pelo menos tentar trabalhar um projeto de teleférico de perímetro urbano para Guimarães, analisados os seus impactos, a sua integração no património natural e edificado, bem como o financiamento disponível”.
A sessão decorreu na Sala de Atos do Teatro Jordão, através de uma oficina temática dedicada à mobilidade, promovida pela Câmara de Guimarães, e que se realizou na sequência do Estudo de Mobilidade Urbana apresentado recentemente pela equipa liderada por Álvaro Costa.