Guimarães: Ofereciam-lhe 10 mil euros pela junta de bois, mas nunca vendeu. Hoje ganhou um prémio

Festa do Agricultor junta mais de 100 cabeças de gado em Fermentões
Foto: Rui Dias / O MINHO

O Concurso de Gado da Festa do Agricultor de Fermentões, em Guimarães, voltou este fim de semana, depois de dois anos de interrupção. Este sábado de manhã, o júri, composto por um lavrador local, outro de Ronfe e um membro da Associação de Criadores de Bovinos de Raça Barrosã (AMIBA) escolheu as melhores rezes em cada categoria e o padre José Miguel Rodrigues abençoou os animais.

De acordo com Carlos Salgado, membro da Comissão de Festas, júri do concurso e ele próprio criador de gado, “estamos a assistir a um período muito difícil, com o preço das rações em alta, alguns lavradores enfrentam grandes dificuldades”. Entre os presentes, além do preço da alimentação dos animais, a queixa mais recorrente era o custo dos transportes. “Sabe que nós vamos a todos os concursos aqui à volta: Montalegre, Ponte de Lima… O valor dos prémios é uma ajuda, enquanto os animais andam nos concursos. Com o preço dos combustíveis como está, quando é longe, pouco fica”, queixa-se António Castro.

Foto: Rui Dias / O MINHO
Foto: Rui Dias / O MINHO

A junta de bois barrosões castrados de António venceu a sua categoria e hoje valeu a pena porque a viagem foi pequena, desde São Lourenço de Selho, outra freguesia de Guimarães, onde tem a sua propriedade. “Quando vamos para longe, com prémios de 100, 160 euros no máximo, dá para comer uma merenda e pouco fica”, afirma. “Ter estes animais, hoje em dia”, diz outro criador, “é só pelo gosto”.

Esta manhã, estiveram no terreiro, junto à Casa do Povo de Fermentões, mais de cem animais, das raças autóctones, minhota e barrosã. “Correu tudo bem, nenhum dos prémios atribuídos pelo júri foi contestado pelos participantes e esteve muita gente a ver”, afirma Carlos Salgado. “Mas, a qualidade dos animais tem diminuído, fruto das dificuldades pelas quais os lavradores passam”, lamenta.

Foto: Rui Dias / O MINHO
Foto: Rui Dias / O MINHO
Foto: Rui Dias / O MINHO
Foto: Rui Dias / O MINHO

A maior parte é vendida para Espanha

Os animais de António Castro têm seis anos e podem manter-se durante mais dois anos a bom nível para participar em concursos. “São bois ensinados para trabalhar, podem puxar um carro ou um arado, como se poderá ver amanhã no cortejo”, assegura. Durante anos, o resultado que os agricultores extraem destes animais é o dinheiro que vão ganhando nos concursos. “No fim, metemo-los à corte e pomos-lhes mais uns quilos. Os espanhóis gostam dos bois com sebo”, esclarece o lavrador. Muitos destes animais acabam por ser vendidos para Espanha, onde a carne é muito apreciada “e os compradores pagam melhor”.

António Castro já teve quem lhe oferecesse 10 mil euros pela junta, “mas eu ainda não estou vendedor, apesar de ter, lá em casa, mais quatro. Quando estes forem, há que ter outros que lhe tomem o lugar”.

Alguns destes animais estarão no Cortejo Etnográfico que começa junto do quartel dos Bombeiros Voluntários de Guimarães, amanhã às 16.00, e segue até ao centro da freguesia de Fermentões.

 
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