Por quase todo o Minho, o desemprego parece ter atingido o seu número máximo, em 2020, entre maio e junho. A exceção, entre os grandes concelhos, é Guimarães, que alcançou o valor de desempregados mais elevado (7.337) em setembro. Guimarães é também o concelho onde o desemprego é mais elevado na região. Todos os concelhos têm mais desempregados que no mês homólogo de 2019, as variações oscilam entre 20 e 40%.
Na maior cidade do Alto Minho, Viana do Castelo havia 1.702 desempregados, em janeiro deste ano. O número até começou por baixar, em fevereiro havia menos 79 desempregados inscritos no Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) mas, logo em março, disparou. No terceiro mês do ano havia 2.094 pessoas registadas no IEFP do concelho, mais 392 que no começo do ano.
Desde essa altura, que corresponde às primeiras medidas restritivas para combater a pandemia – o primeiro estado de emergência foi decretado a 18 de março -, foi sempre a subir, até maio. Nesse mês atingiu-se o maior número de desempregados registado este ano, em Viana do Castelo, 2.791.
A partir de maio, o desemprego tem baixado todos os meses, havia 2.291 desempregados, no último registo, em outubro. Isto significa uma variação para cima de 34,6% relativamente ao primeiro mês de 2020, e uma variação de mais 39,1% quando comparado com o mês homólogo de 2019, em que estavam registados 1.646 desempregados, em Viana do Castelo. Em função da população residente com idade compreendida entre 15 e 64 anos, o desemprego em Viana do Castelo está em 4,1%, menos 3,1 pontos percentuais que a percentagem projetada pelo Instituto Nacional de Estatística para o todo nacional.
O concelho de Barcelos registou, no primeiro mês de 2020, 2.237 desempregados. Tal como aconteceu em Viana do Castelo, o número de desempregados registados no IEFP começou por cair em fevereiro (2.333). Também acompanhando o que se passou em Viana, em março o número de desempregados iniciou a subida e atingiu o pico em maio (3.231).
A partir de maio registou-se uma redução, só perturbada por um novo pico, em agosto. O concelho chega a outubro com 2.777 desempregados, mais 24,1% que no arranque de 2020. Isto significa que Barcelos tem a taxa de desemprego mais baixa (3,4%) entre os grandes concelhos da região do Minho. Comparativamente com o mês homólogo de 2019, quando havia 2.184 inscritos no IEFP de Barcelos, há uma variação de mais 27,1%.
Famalicão teve o maior aumento do número de desempregados face a janeiro e ao mês de outubro de 2019
Em Famalicão a subida do desemprego nem esperou pelas primeiras medidas contra a pandemia. O ano começou com um registo de 3.412 desempregados e, em fevereiro, já tinha subido para 3.510. Em março eram 4.136 e foi sempre em crescendo até se atingir o valor máximo registado até agora, em 2020, 5.027, em maio.
A partir de maio, o número de desempregados, em Famalicão, começou a baixar, mas, tal como em Barcelos, fez um novo pico em agosto (4.942). Famalicão chega a outubro, último mês de que há registos, com 4.731 desempregados, mais 1.319 desempregados que em janeiro, menos 296 que no pior mês do ano. Famalicão regista uma taxa de desemprego de 5,2%, à frente de Barcelos e Viana, o concelho é ultrapassado por Braga e Guimarães. Na comparação com o mês de outubro de 2019, em que havia 3.338, há uma variação de mais 41,7%. Relativamente aos números do primeiro mês do ano, o registo de outubro, significa uma variação de mais 37,6%, em números absolutos são mais 1.319 desempregados.
Em Braga e Guimarães os números do desemprego têm comportamentos diferentes dos restantes concelhos minhotos. Em Braga porque, depois de terem começado a subir, em março, os números têm-se mantido constantes em alta, com pequenas variações para cima e para baixo. Em Guimarães, ao contrário do que aconteceu em Viana do Castelo, Barcelos e Famalicão, o pico da curva do desemprego só foi atingido em setembro (7.337).
O IEFP de Braga registou 6.455 desempregados no concelho, em janeiro. Tal como aconteceu em outros concelhos, em fevereiro o número baixou para 6.020 e, também à semelhança do que aconteceu em outros territórios, em março, começou a subir. Contudo, desde que ultrapassou a barreira dos 7.530 desempregados, em abril, o concelho tem-se mantido nesses valores: abril (7.533), o valor mais elevado em maio (7.714), junho (7.613), julho (7.551), agosto (7.554), setembro (7.490) e outubro (7.531). Ao contrário dos outros concelhos, em que o número de desempregados é menor agora que nos meses de maio ou junho – menos 354, em Barcelos, menos 296, em Famalicão – em Braga, a redução foi menor, apenas menos 183 que em maio e menos dois que em abril. Em outubro do ano passado, estavam registados 6.298 desempregado no concelho de Braga, a variação, em outubro de 2020, é de mais 1.233, ou seja, mais 19,5%. Braga tem a segunda taxa de desemprego mais elevada da região, entre os concelhos deste comparativo, 5,9%. Mesmo assim, o concelho tem uma taxa de desemprego 1,6 pontos percentuais abaixo do valor projetado pelo INE para o país.
Guimarães tem a taxa de desemprego mais alta da região
Em Guimarães, o ano começou com 5.841 desempregados inscritos no Centro de Emprego, menos 59 que no mesmo mês do ano anterior. No segundo mês do ano, como em quase todos os outros concelhos, o desemprego estava a baixar, eram 5.770 os desempregados vimaranenses, em fevereiro. Como na maioria dos casos, os números começaram a subir a partir de março (6.166) e atingiram um pico em maio (6.981) mas, ao contrário do aconteceu noutros concelhos, este valor não foi o mais elevado do ano. Nos dois meses seguintes, junho e julho, o desemprego baixou, todavia, depois de ter chegado aos 6.916, em julho, voltou a subir em agosto (7.178) e atingiu o valor mais alto do ano, em setembro (7.337).
Entre setembro e outubro o desemprego voltou a cair em Guimarães, no último registo há 7.065 inscritos no IEFP, mais 1.224 que no início de 2020, uma variação de mais 20,9%. Este valor significa, em função da população residente em idade ativa, que há uma taxa de desemprego de 6,9% no concelho, a pior dos grandes concelhos do Minho. Quando comparado o mês de outubro de 2020 com o mês homólogo do ano anterior, a variação do desemprego é de 25,5%, quer dizer mais 1.439 pessoas desempregadas.
Em relação às pessoas que procuram um primeiro emprego, o número está mais alto, em todos os concelhos do Minho, tanto na comparação com o primeiro mês do ano, como comparando com o mesmo mês do ano anterior.
O INE confirma uma descida do desemprego em setembro e outubro na totalidade de território
Segundo números divulgados no dia 30 de novembro, pelo INE, a taxa de desemprego, no país, recuou em setembro para 7,9%, menos 0,2 pontos percentuais do que em agosto e mais 1,4 pontos que no mesmo mês de 2019, o que segue em linha com a redução do número de inscritos nos Centros de Emprego do Minho.
De acordo com as projeções no INE, os dados provisórios apontam ainda que a taxa de desemprego (segundo o conceito da Organização Internacional de Trabalho) tenha continuado a descer em outubro, para os 7,5%, menos 0,4 pontos percentuais que no mês anterior e mais um ponto percentual do que no mesmo mês de 2019.
Analisando o impacto da pandemia de covid-19 nos resultados do Inquérito ao Emprego, o INE afirma que é “visível nos resultados definitivos de setembro (mês central do trimestre móvel que abrange agosto, setembro e outubro), quando comparados com os valores do mês anterior (agosto), o aumento da população empregada e a diminuição da população desempregada e da população inativa”.
A taxa de desemprego dos jovens foi estimada em 23,9% em outubro. Isto corresponde um decréscimo de 0,4 pontos percentuais relativamente à taxa de setembro de 2020. Entre os grandes concelhos do Minho, porém, só houve diminuição do número de pessoas à procura do primeiro emprego, entre setembro e outubro, em Viana do Castelo, embora este indicador não corresponda exatamente ao desemprego jovem (desempregados entre os 15 e os 24 anos).
O INE lembra que as medidas de saúde pública tomadas desde meados de março “afetaram o normal funcionamento do mercado de trabalho e, consequentemente, as estimativas mensais de emprego e desemprego”. O encerramento temporário de várias empresas, as restrições à livre circulação de pessoas e o fecho das escolas, tendo como consequência a permanência dos pais no domicílio para cuidarem dos filhos. Estas medidas e o layoff provocaram distorções na forma como as pessoas são classificadas estatisticamente relativamente à sua situação perante o trabalho.
“Pessoas anteriormente classificadas como desempregadas e pessoas que efetivamente perderam o seu emprego foram, do ponto de vista estatístico, classificadas como inativas caso não tenham feito uma procura ativa de emprego, devido às restrições à mobilidade, à redução ou mesmo interrupção dos canais normais de informação sobre ofertas de trabalho em consequência do encerramento parcial ou mesmo total de uma proporção muito significativa de empresas”, informa o INE.
Mesmo pessoas que anteriormente estavam classificadas como empregadas podem ter “caído” para o grupo das desempregadas ou inativas, segundo os critérios da Organização Internacional do Trabalho. Terá sido o caso de pessoas que se ausentaram por períodos superiores a três meses do seu trabalho e que, em simultâneo, receberam menos de 50% do seu salário habitual.
O INE destaca que esta análise corresponde a um momento de reabertura da economia. Com “o gradual processo de desconfinamento iniciado em maio foi possível a reabertura de diversas atividades económicas e, não existindo nos meses abrangidos por este destaque um dever de isolamento social tão restritivo quanto antes, tal terá possibilitado o cumprimento dos critérios de procura ativa de emprego e de disponibilidade para começar a trabalhar, essenciais para a transição entre a população inativa e a população desempregada”.
A 8 de novembro foi decretado um novo estado de emergência e, entretanto, novas medidas restritivas. “Comparativamente ao estado de emergência decretado em março, estas medidas tiveram um menor impacto nas atividades económicas, na livre circulação de pessoas e na disponibilidade para trabalhar devido à manutenção das atividades letivas presenciais”, analisa o INE.