Guimarães é o concelho do Norte que mais população perdeu em 2019, revelam dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).
Há nove anos consecutivos que a população de Guimarães vem a diminuir, tendo perdido 5.739 habitantes desde 2011 (3.63%).
Em 2019, Guimarães tinha 152.792 habitantes, em 2011 eram 158.048.
O assunto foi abordado em reunião da Câmara, tendo o presidente da autarquia apresentado como solução alterações ao Plano Diretor Municipal (PDM) que flexibilizem a construção nas freguesias.
O autarca revelou também que encomendou ao Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho um estudo demográfico do concelho.
Domingos Bragança justificou a perda de população com a falta de terrenos urbanizáveis e consequente falta de oferta de habitação nas freguesias de franja do concelho, nomeadamente as que estão próximas de Vizela, Fafe e Famalicão.
Minho perdeu 32.911 habitantes desde o último censo nacional em 2011
O presidente da Câmara defende a criação de condições para que as pessoas se fixem no território, considerando que a oferta existente nas freguesias e vilas é insuficiente, um problema já identificado há algum tempo e cuja solução passa por alterações ao PDM de forma a levantar alguns dos constrangimentos atualmente existentes.
Em relação ao centro da cidade, o presidente da Câmara destacou que o executivo tem vindo a desenvolver políticas com o objetivo de criar zonas de habitação de custo acessível, para dar resposta às famílias com rendimentos médios, como os projetos do Monte Cavalinho e da requalificação da zona entre a Avenida D. João IV e a Rua do Colégio Militar.
“Através das nossas políticas, estamos a tentar alterar o nível da oferta e as tipologias, bem como a criar novas ligações viárias, sobretudo em modos suaves, que reforcem a qualidade de vida na cidade. Ao mesmo tempo, estamos a criar as condições para que quem tem terrenos possa investir agora em Guimarães, e não mais tarde, numa lógica de valorização a longo prazo. Há zonas da cidade que estavam paradas e que já beneficiaram de licenciamento para construção. Nas freguesias queremos fazer o mesmo tipo de trabalho, para evitar que as pessoas saiam do concelho. A alteração no PDM deverá contemplar esta reorganização, pois o nosso concelho é um concelho policêntrico”, disse, citado em nota de imprensa.
Domingos Bragança referiu serem o emprego e a habitação os dois vetores mais importantes para a fixação da população em determinado território.
“Não somos um território de funcionários públicos. Quando há uma crise, quem vive da indústria sofre mais pesadamente as consequências, procurando o seu sustento nos locais onde ele lhes é oferecido. Há outros territórios vizinhos que cresceram em termos populacionais entre 2001 e 2012 e que deixaram de crescer. No Porto e em Lisboa a perda é superior a 10%”, compara.
PSD apela a reflexão
Bruno Fernandes, líder da concelhia social-democrata, considera que “estes indicadores devem fazer refletir os cidadãos, mas acima de tudo os responsáveis políticos”.
“Pretendemos que seja feita uma reflexão sobre quais são os motivos que levam a que o concelho de Guimarães venha a assistir a esta tendência decrescente da sua população”, afirmou num vídeo publicado nas redes sociais do partido.