Arrancou ontem e decorre ao longo do fim de semana o 17.º Encontro Nacional de Juventude (ENJ), no Multiusos de Guimarães. São 800 jovens de todo o país que se reúnem para debater e apontar soluções em seis áreas que afetam o presente e o futuro: educação, a igualdade, o ambiente, o trabalho, a habitação e a saúde.
Ainda antes de discursar na sessão de abertura, ao final da tarde desta sexta-feira, o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva percorreu o Multiusos conversando com os jovens. Falou com Guilherme Almeida, de 19 anos que, reunido em volta de uma mesa com mais quatro jovens, dois rapazes e duas raparigas, debatiam sobre o tema educação.
“Aquilo que nós apontamos é que o modelo de acesso ao ensino superior, nomeadamente os exames nacionais e o peso acrescido que lhes querem dar agora, é um grande entrave à entrada na universidade. Isto acentua, ainda mais, as desigualdades”, esclarece o jovem, vindo de Lisboa. Augusto Santos Silva aponta que os exames são o fator de equidade no acesso, mas Guilherme e o seu grupo não ficam nada convencidos. O jovem lisboeta lembra a quantidade de alunos que não tiveram professor ao longo deste ano, “mas que no final do ano serão confrontados com a mesma prova que os outros”.
Mais á frente, há outro grupo semelhante, o tema é igualdade. O presidente da AR passa á margem deste grupo, é impossível visitar todos. “Nós estamos concentrados na problemática da violência, nomeadamente a violência sexual, doméstica, no namoro. Isto porque, nestas situações, é normalmente a mulher que acaba por ser a vítima. Preocupa-nos a forma destas pessoas acederem aos apoios, muitas das vezes a ajuda se existe não está acessível”, lamenta Matilde Lima, estudante de direito de 20 anos, vinda de Lisboa, em representação da Associação Juvenil Projeto Ruído.
Augusto Santos Silva não parou para falar com o grupo de debate de Matilde, mas pegou no tema no seu discurso, durante sessão de abertura. O presidente da AR lembrou Salgueiro Maia, “um jovem de apenas 30 anos quando saiu com a sua coluna de tanques da Escola Prática de Cavalaria, em Santarém, passando por cima de ordens superiores”, para exortar os jovens presentes no ENJ a “agir”. “Há temas que não dependem de decisões políticas”, lembrou, “a violência no namoro, só depende dos jovens mudar”, acrescentou.
Relativamente a um dos temas propostos para reflecção neste ENJ, tanto Augusto Santos Silva como a ministra adjunta e dos assuntos parlamentares, Ana Catarina Mendes, lembraram que está a decorrer o período de consulta pública sobre o pacote de medidas propostas pelo Governo e exortaram á participação dos jovens no processo.
O vimaranense Rui Oliveira, presidente do Conselho Nacional de Juventude lembrou o facto de “estarmos a encerrar o Ano Europeu de Juventude na mesma altura em que se assinala um ano de guerra na Europa” e apontou o objetivo fundamental destes encontros: “apresentar aos decisores políticos as sugestões que os jovens têm para o país”.