‘Guarda-rios’ de Guimarães registaram 125 descargas ilegais em rios no último ano e meio

Equipa de vigilantes da natureza reforçada com duas mulheres

O projeto Guarda-rios de Guimarães foi lançado em julho de 2021 e já foram reportadas mais de duas centenas de ocorrências, sendo que metade destas ocorrências são descargas em rios.

Em comunicado, a Vitrus Ambiente refere que se registaram no total 212 ocorrência, sendo 125 “situações anómalas referentes a afluentes com indícios de contaminação” e 21 foram relacionadas com “alegadas ligações ilegais de saneamento”.

Foram ainda identificados 57 locais a necessitar de limpeza e recolha de resíduos, derivada de deposições ilegais ou árvores caídas. Os Guarda-rios registaram ainda nove situações em que ocorreram comportamentos inadequados ou inundações.

Além da ação reativa, existem ainda ações preventivas na avaliação e fiscalização como a deteção de caixas a necessitar de intervenção e limpeza com vestígios de anteriores descargas.

Um ano e meio depois do lançamento deste projeto, inicialmente constituído por dois homens, a equipa de Guarda-rios em Guimarães foi reforçada com a presença de dois elementos no feminino.

Raquel Costa e Mónica Azevedo são as duas novas Guarda-rios no projeto desenvolvido pela Vitrus Ambiente, em parceria com o Município de Guimarães.

A profissão de guarda-rios existiu em Portugal entre o século XVIII e o século XX, tendo sido então extinta.

“Nos últimos anos, face à crescente preocupação com as alterações climáticas e necessidade de adoção de comportamentos sustentáveis, o ressurgimento da profissão tornou-se inevitável e abre-se também às mulheres”, refere a Vitrus em comunicado.

O presidente do Conselho de Administração da Vitrus, Sérgio Castro Rocha, salienta que a aposta em mulheres para as funções de Guarda-rios “vinca um posicionamento diferenciador da empresa municipal perante os desafios e oportunidades que se abrem às mulheres e assim demonstrar, na prática, o direito de igualdade”.

Sérgio Castro Rocha destaca “o trabalho de proximidade com os cidadãos” no âmbito das funções dos Guarda-rios. “Todos os dias estão no terreno e só assim é possível contribuir para melhorar ou prevenir as nossas linhas de água, que atravessam o concelho, através do rio Ave, rio Selho, rio Vizela e assim como os respetivos afluentes. Este projeto tem sido um sucesso e daí já ser replicado noutros concelhos”, frisou, citado em comunicado.

Por sua vez, o administrador executivo da Vitrus, João Pedro Castro, explica ainda que “o projeto dos Guarda-rios é um sucesso pelos resultados alcançados e tornou-se necessário reforçar com a entrada de novos elementos”.

“Ao gerar oportunidades para as mulheres no mercado de trabalho também estamos a promover a diversidade, um fator fundamental para empresas que desejam criar ambientes de igualdade e esse é o sinal que estamos a dar na Vitrus. A Raquel e a Mónica completaram uma formação específica na área da fiscalização e qualidade da água, e correspondem aos requisitos que definimos para o exercício destas funções”, acrescenta.

Raquel Costa, a nova guarda-rios da Vitrus destaca que “a experiência está a ser muito positiva pela recetividade” que está a ter no terreno.

“As pessoas vêm ter connosco e até colaboraram ao denunciar situações que devemos fiscalizar para posterior registo e intervenção”, refere.

Para Mónica Azevedo existe a responsabilidade de “mostrar que temos capacidade de desempenhar as funções que até aqui eram habitualmente ocupadas por homens, mas sem qualquer sinal de discriminação”.

“Fomos muito bem recebidas e estamos a ter o apoio de todos”, sublinhou.

Os Guarda-rios de Guimarães têm como missão a proteção dos cursos hídricos do concelho, designadamente o rio Ave e o rio Selho, mas também dos respetivos afluentes e margens, promovendo o contacto com as pessoas, sensibilizando-as para o desígnio coletivo de proteção dos recursos hídricos, especialmente atentos a comportamentos inadequados e sensibilizando os cidadãos para os corrigirem.

Para além disso, os guarda-rios verificam se existem ligações ilegais de saneamento aos rios e deposições ilegais de resíduos, procedendo ao envio de relatórios às entidades competentes, conferindo ainda a realização de inquéritos onde serão aferidos parâmetros qualitativos do estado dos rios, como o cheiro, cor, se tem espuma, se tem resíduos, se o decurso está obstruído, entre outros.

 
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