O Grupo Desportivo e Cultural dos Trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo vai deixar o edifício que lhe serve de sede desde a fundação, há quase meio século, por não ter chegado a acordo com o proprietário.
O presidente da direção da coletividade, Manuel Ramos explicou que até 31 de dezembro o Grupo Desportivo e Cultural “vai ter que deixar o espaço que ocupa há quase 50 anos e mudar-se para outro local dentro da cidade”.
O responsável adiantou que a duração do contrato e o valor da renda foram as razões que inviabilizaram o acordo com o proprietário do imóvel.
Desde a fundação do Grupo Desportivo e Cultural, em 1967, e até ao encerramento dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) a renda do imóvel, foi sempre paga pela empresa pública, mas após a subconcessão ao grupo Martifer, foi denunciado o contrato com efeito até 31 de agosto.
“O inquilino deixou de ser a empresa ENVC, e passou a ser o grupo desportivo. Tentamos renovar o contrato mas não chegámos a acordo com o proprietário. Primeiro porque o proprietário não quis fazer um contrato superior a três anos, e nós queríamos por tempo indeterminado para garantir a continuidade da sede, e depois porque o valor da renda era incomportável para a coletividade”, explicou Manuel Ramos.
O Grupo Desportivo e Cultural foi fundado a 09 de fevereiro de 1967 e reúne cerca de mil sócios, sobretudo antigos funcionários da empresa pública atualmente em processo de liquidação.
O edifício, no centro da cidade, dispõe de uma sala para convívio social, espaço para jogos de mesa, uma biblioteca e uma sala de leitura.
Algumas das valências, por exemplo um auditório para projeção de cinema, são utilizadas pela comunidade local.
Manuel Ramos criticou “as últimas administrações dos ENVC por não terem acautelado a continuidade da coletividade naquela sede, ao não apresentar qualquer proposta, e ignorando sempre o seu grupo desportivo”.
“Estamos todos tristes porque aquela foi a nossa casa durante quase meio século”, disse.
A mudança será feita para um edifício situado no centro da cidade, sendo que a reabertura da nova sede deverá ocorrer no início de 2016, após a conclusão de algumas obras “com vista a criar as condições mínimas ao funcionamento da coletividade”.
“Estamos a contar com o apoio da Câmara de Viana do Castelo, com da União de Freguesias de Viana do Castelo e dos associados”, disse Manuel Ramos.
Em setembro de 2014 entrou em vigor um protocolo estabelecido entre a Câmara de Viana do Castelo e aquela coletividade que prevê um apoio de 500 euros por mês, durante um ano, para assegurar a atividade do grupo, evitando a sua extinção.
Prevê ainda um Plano Cultural e Social como forma de “conservar a memória de uma empresa única na região e no país que constituiu uma importante escola de formação, valorizando a construção naval e difundindo este património único”.
O acompanhamento de antigos trabalhadores da empresa agora em situação de desemprego, a promoção de ações de divulgação da memória dos ENVC, a realização de tertúlias, colóquios e sessões de cinema no auditório da sede do grupo são também iniciativas previstas naquele acordo.